quinta-feira, janeiro 13, 2022

::Resenha:: Insane Driver - Silicon Fortress

Insane Driver - Silicon Fortress

 Ao falar sobre o segundo trabalho de uma banda, pode soar clichê ou até mesmo parecer uma jogada segura, dizer que a banda amadureceu ou evoluiu. Nem sempre isso é verdade, muitas vezes os músicos simplesmente optaram por uma mudança no estilo, o que não necessariamente significa uma melhora ou piora, até porque isso é um tanto quanto subjetivo. Mas é fato que quanto mais você ouve e compõe músicas, seu som vai tomando uma forma, uma identidade e isso pode realmente significar um amadurecimento, mesmo que nem sempre agrade a fãs antigos. 

Fundada em 2013 na capital paulista, o Insane Driver chega ao seu segundo álbum, intitulado Silicon Fortress. Lançado de forma independente no formato físico e nas plataformas de streaming, o trabalho mais recente dos paulistanos conta com onze faixas autorais e apresenta uma banda preocupada com o profissionalismo, mas sem deixar a emoção de lado. 

Se não deve-se julgar um livro pela capa, o mesmo deve ser válido para CDs, mas particularmente, tive dificuldades em não fazê-lo. Isso porque antes mesmo de ouvir as composições de Silicon Fortress, a capa já havia atraído minha atenção. A arte, desenvolvida por Romulo Dias (RDD Artwork) traz um ambiente moderno, porém monótono e destruído. Em meio ao caos futurístico, uma garota assiste um mundo perfeito e colorido com o auxílio de óculos de realidade virtual, alheia à realidade em que está inserida. Tal qual muitos de nós fazemos, sequestrados e hipnotizados pelas redes sociais e cegos para a vida real. 

O álbum abre com a instrumental, melódica e envolvente "Back to 1994", com um ar de melancolia esperançosa, preparando terreno para "Faceless Demons". Uma música com uma alma Heavy Tradicional, com belos arranjos das guitarras, um ótimo e pesado timbre do baixo, trabalhando com uma bateria coesa, com quebradas de tempo bem legais e uma presença crucial das vozes. Tanto do vocalista, que remete à bandas modernas de Heavy Metal (tem um quê de Metal BR na voz de Eder Franco), quanto do backing vocal. O ar esperançoso, aliás, está expresso na letra de "Faceless Demons", que discursa sobre as batalhas internas que enfrentamos e a importância de saber quem está ao seu lado nessas lutas. "Keep Away" vem na sequência com um refrão bem forte embalado em um metal mais moderno e com uma temática que segue a linha da anterior. É uma das faixas em que a produção se destaca pela bela captação dos instrumentos e, especialmente das vozes. 

A quarta obra do álbum é a faixa-título, trazendo momentos diversificados, com partes melodiosas intercalando com passagens pesadas, solos bem construídos acompanhados de riffs com muita pegada e um refrão com uma atmosfera envolvente. 

No segundo álbum da banda, a Insane Driver apresenta uma composição que leva seu nome. E a escolha pareceu bem acertada. Trata-se de uma das faixas mais cativantes e divertidas do full-length, como diz o pré-refrão "Come along it'll be fun". Um som que pende mais pro Thrash e remete ao metal noventista norte-americano, sendo uma das músicas mais pesadas até aqui. Certamente quem gosta de ouvir o Black Album do Metallica vai bangear ouvindo essa música. 

"Imagined Realities" tem uma levada estimulante, com pedais duplos casando com as bases pesadas. É uma das faixas em que o entrosamento entre os músicos fica notável. A letra segue aquela linha de verdades secretas escondidas por governos que usam seus cidadãos como marionetes. O refrão é empolgante e, apesar dessa ser uma das faixas mais enérgicas do full, as partes mais melódicas também dão as caras por aqui. Além de trechos de discursos de Hitler (salvo engano deste que vos escreve), Kennedy e Getúlio Vargas. 

"Invisible Chains" tem um arco interessante, pois sua primeira metade tem uma veia melancólica, mesclada com um certo peso, especialmente no refrão. Na segunda metade, no entanto, o peso ascende com vontade, pisando num Thrash Metal com pedais duplos, grooves, vocais berrados e riffs abafados e densos. 

Completam o álbum as faixas "Age of Lies", "Desperate Prayer", "Ghosts" e "Distant Hearts". 

Em seu segundo álbum, a Insane Driver chegou a um nível muito interessante de composição, profissionalismo e entrosamento, além da notável dedicação dos músicos. "Silicon Fortress" é, no geral, um álbum mais introspectivo do que o debut-album lançado em 2016 e, com o risco de soar clichê, mais maduro. A essência do primeiro álbum está presente, mas a banda experimentou mais dessa vez, mesclando elementos interessantes e entregando um resultado acima da média em um estilo difícil de se destacar. 

O álbum, que foi gravado, mixado e masterizado no Acustica Studios e teve a produção de Danilo Pozzani, está disponível no formato físico diretamente com a banda e no formato digital em todas as plataformas de streaming. 

Silicon Fortress - Spotify 
Facebook Insane Driver
Instagram Insane Driver

sexta-feira, agosto 06, 2021

Despised Divulga Dois Singles

Despised - Force Fed Bullshit (2011)

 Fundado em meio à pandemia, o duo de Death/Grind DESPISED, que tem Alex Roque na guitarra, baixo e bateria programada e Saulo Benedetti nos vocais executa um som visceral influenciado por grandes nomes do metal extremo mundial como Lock Up, Terrorizer, Napalm Death, Repulsion, etc. 

Com timbres pesados, palhetadas ultra velozes e um vocal nervoso e encorpado, o Despised já divulgou dois singles em formato de Lyric Video, "Force Fed Bullshit" e "Contaminated" e se prepara para lançar seu debut album "World Decay", que está em fase de mixagem/masterização. As letras prometem ser um ponto forte e ácido da banda. O álbum foi gravado no Hospedeiro Home Recording Studio em Mogi Guaçu-SP e está sendo produzido por Roque. 

Os sons podem ser conferidos no Youtube ou no Bandcamp. 

https://www.youtube.com/watch?v=GzAs4_24sc4

Bandcamp: despisedbr.bandcamp.com
Facebook: facebook.com/despisedbr
Instagram: instagram.com/despisedgrindbr

quinta-feira, julho 22, 2021

::Resenha:: Hauser - Cinza

Hauser - Cinza (2020) - Black Hole Productions

Da cidade de Jaraguá do Sul, interior de Santa Catarina, surge o HAUSER. Banda formada no ano de 2007 com Death Metal, Grindcore e Hardcore em sua bagagem. Após lançar um full-length, dois EPs e um single, os catarinenses chegam ao segundo álbum no ano de 2020, intitulado "Cinza". 

Lançado pela Black Hole Productions, o álbum teve a bateria gravada por Nathan Ricardo no estúdio Tora, na cidade natal da banda. Os vocais, guitarras e baixo foram gravados no Home Studio da Hauser, também em Jaraguá do Sul. Mixagem e masterização ficaram a cargo de William Blackmon, no estúdio The Overlook em Gävle, na Suécia. A arte é assinada por Roger Loss e a foto da banda no CD é do fotógrafo Raphael Günter. O álbum conta com 10 faixas autorais e pouco mais de 21 minutos de duração. 

Em 2016, fiz a resenha do excelente EP "Processo Bokanovsky", cujo nome faz referência ao clássico "Admirável Mundo Novo" de Audous Huxley. O EP, que contava somente com duas faixas, é visceral e direto ao ponto. Em "Cinza", a banda aposta num lado mais sombrio, mas sem deixar a violência sonora de lado. O título do álbum cai como uma luva nas composições, pois traz uma atmosfera mais densa, explicitada tanto na sonoridade quanto nas letras (todas em português), que retratam o momento que o mundo e principalmente o Brasil vem atravessando, com uma abordagem bastante interessante, passando longe de letras carimbadas ou clichês sobre ganância, religão, opressão., etc. Sim, problemas sócio-político-religiosos estão presentes, mas com uma roupagem própria da banda. 

O ponto principal em "Cinza" é o amadurecimento e/ou evolução (por falta de termos melhores) no som da banda. As composições estão mais concisas, até mais técnicas e tem um quê de grindcore brasileiro na essência (especialmente na "malocagem criativa" da bateria), remetendo à nomes como Facada e Expurgo. A produção do álbum é muito justa com a obra, fazendo tudo soar nítida e profissionalmente. Quando o som é extremo com palhetadas e blast beats insanos e um som grave como um todo, a produção tem bastante trabalho para que somente a banda sobressaia e, tanto a captação do som, quanto mixagem e masterização, estão de parabéns, pois a cria pôde ser apresentada da maneira adequada. Em todo o álbum a banda esbanja um vocal gutural intenso e raivoso, mas fácil de entender (ao menos dentro do contexto do death/grind), palhetadas ensandecidas/riffs rápidos e sujos e uma cozinha que deixa tudo mais pesado e violento. 

As transições do Death Metal/Hardcore/Grindcore fluem com naturalidade entre as 10 faixas e nada soa forçado. Blast beats, quebras de tempo e levadas arrastadas empolgam na mesma intensidade e fica difícil destacar uma ou outra música, pois todas são coesas com a proposta da banda e encaixam perfeitamente no full-length. No entanto, com o risco de soar incoerente, as faixas que mais me chamaram a atenção foram "Mar de Árvores", "Transgride/Destrói", "Erro" e "Ato de Jurar". 

"Cinza" é uma obra muito bem trabalhada, com sentimento palpável, atenção à todos os detalhes, como parte visual, com uma arte quase minimalista, traduzindo a proposta direta e sem atalhos do Hauser, e com composições bem produzidas e criativas em um gênero difícil de se destacar. 

Adquira o álbum ou ouça no link abaixo:

BLACK HOLE PRODUCTIONS

Redes sociais da banda: 

facebook.com/hausergrind
instagram.com/hausergrind

sexta-feira, outubro 23, 2020

::Resenha:: Scalped - Manufactured Existence Obsolence

Scalped - Manufactured Existence Obsolence (2019)

 

Após um ano de silêncio no blog, lentamente retornamos aos trabalhos.

E a escolha para marcar esse retorno, parece um tanto acertada. Para contrapor ao período de estagnação desse meio de comunicação, escolho um álbum com um verdadeiro poder bélico. Manufactured Existence Obsolence é o segundo álbum dos mineiros do SCALPED. Quem acompanha a banda, sabe a avalanche que foi seu debut-album, “Synchronicity of Autophagic Hedonism” e, portanto, a missão de lançar um sucessor a este trabalho, seria ingrata e carregada de muita pressão. Certamente fãs e mídia especializada aguardavam com grande expectativa pelo novo petardo. E, sem nenhum suspense, já adianto, que decepção não teve vez aqui.

O Scalped nem deixou a poeira do álbum de estreia baixar e sacou da manga o filho maldito número 2, novamente lançado pela Songs For Satan. A mixagem e masterização ficaram por conta de Marcelo Roffer, no Estúdio Roffer em Belo Horizonte-MG, onde a banda também gravou o full. A incrível parte gráfica leva a assinatura de Pablo da PMP Artwork, com referências ao grande artista H. R. Giger. e merece uma atenção especial.

O trabalho dos mineiros conta com dez faixas, sendo duas introduções instrumentais. A parte lírica do álbum também é algo que salta aos olhos, pois denunciam letras com conteúdo e boas críticas, além de títulos criativos como “Cognitive Taxidermy”, “Venereal Social Darwinism” e “Stoic Cataclysm”. Nada daquelas letras genéricas apoiadas no pensamento de que “ninguém vai entender mesmo”.

A parte musical, como já esperado antes do primeiro acorde, é o descarrilamento de um trem (com o perdão da brincadeira com os mineiros). Brutal Death Metal solidificado. E, se o primeiro álbum já era tudo isso, nesse, a banda demonstra claramente uma evolução sonora. Mesmo com a perda de um guitarrista, o som amadureceu. É interessante notar como isso ocorre com uma certa frequência. Talvez a banda se torne mais unida após a perda de um integrante e o entrosamento decola. Meras suposições. O fato é que, a essência da banda foi mantida, mas o Scalped não teve medo de inovar e até desacelerar em certos momentos, apostando em levadas com mais groove e um pouco de metal tradicional, como em um ou outro solo. Mas não se engane, toda a brutalidade do metal extremo está presente em peso. O rolo compressor formado pela cozinha (Bruno no baixo e Marcelo na bateria), os blast beats e o peso dos bumbos, além do vocal extremamente grave de Fernando forjam a violência do Scalped. Os riffs venenosos da guitarra de Thiago, que agora segura o rojão sozinho, são a base de sustentação da insanidade que é este álbum.

Destaco as faixas “Dissociative Catalepsy”, com uma dinâmica muito interessante, misturando bem a brutalidade do metal extremo com momentos mais experimentais e tradicionais, com um solo bem trabalhado. Ambas as intros “The Tyrants Architecture” e “Indoctrinated Infected Awareness” também são muito bem desenvolvidas e de fato possuem uma atmosfera de introdução, que criam uma expectativa do que vem pela frente no ouvinte. E o que vem pela frente à segunda intro é “Polytheistic Necromancy”, com uma das levadas mais envolventes do CD. O solo do baixo que precede uma base arrastada é o grande momento da composição, remetendo à obras de Six Feet Under, Obituary e, claro, Dying Fetus. Em “Aphasia”, a banda fecha o excelente trabalho, onde fica difícil pontuar um único destaque, pois os solos são realmente muito bons e harmoniosos, a linha do baixo é palpável, pesada e muito boa, os pedais duplos soam como metralhadoras e a garganta de Fernando vociferando e expelindo ódio sonoro.

Essa resenha tardou (E MUITO), mas saiu. Não poderia deixar de falar sobre mais este petardo de uma das bandas mais insanas do Brasil. Ainda mais quando a qualidade musical se equipara à qualidade lírica, fazendo referências à ciência, cientistas e importantes pensadores.

Altamente recomendado!

HAIL SCALPED!

Onde comprar: 

Heavy Metal Rock

terça-feira, outubro 22, 2019

Scalped divulga capa e título de novo álbum

Scalped - Manufactured Existence Obsolescence
Após a agressão sonora lançada em 2017 sob o título de "Synchronicity of Autophagic Hedonism", os mineiros do Scalped retornam com mais um full-length, o segundo da banda. O sucessor do debut levará o nome de "Manufactured Existence Obsolescence" e contará com dez faixas e se a linha seguir os trabalhos anteriores (o que é muito provável que aconteça), não restará pedra sobre pedra, pois tanto o EP de 2014 quanto o primeiro álbum da banda demonstram um Death Metal brutal, veloz e visceral. Uma das obras mais violentas apresentadas no metal nacional underground que acabou criando uma grande expectativa para a sequência do trabalho. 

O novo full-length apresenta uma capa de extremo bom gosto e qualidade impecável. O artista responsável pela arte é Pablo MP da "PMP Artwork Production". Uma das diferenças entre o primeiro álbum e a nova obra é que dessa vez a banda é constituída de um quarteto, após a saída do guitarrista Claydson. 

Todos os integrantes da formação atual fazem parte da banda desde o início de suas atividades em 2012. A saber: Fernando Campos (vocal), Thiago Macedo (guitarra), Bruno Mota (baixo) e Marcelo Augusto (bateria). 

Enquanto o novo álbum ainda não colide contra os tímpanos dos headbangers, ouça outras composições do Scalped abaixo:

sexta-feira, agosto 02, 2019

::Resenha:: Reversed - Ignition to the Apocalypse

Reversed - Ignition to the Apocalypse (2018)

Mineiros de Poços de Caldas, o Reversed foi fundado no ano de 2015. E em 2018 lançam seu primeiro trabalho, o full-length "Ignition to the Apocalypse", composto de nove faixas e vinte e oito minutos de duração. Lançamento nacional através do selo Extreme Sound Records, gravado, mixado e masterizado no Gilson Home Studio, produzido por Gilson Ghigiarelli e pelos músicos da banda, Sérgio Alcântara (guitarrista) e Caimi Nery (baterista). A capa leva a assinatura do grande Marcelo Vasco, que já trabalhou com Slayer, Kreator, Testament e outros. 

O Reversed pratica um Death Metal cru, direto ao ponto, sem firulas e invenções desnecessárias. O som é pesado, bruto e denso. Suas letras abordam críticas à religiões e políticos, violência e guerra. O álbum inicia-se com "New Inflexible Aurora", uma espécie de faixa-introdução com um minuto e vinte segundos de duração, que apresenta o som de confrontos armados e uma tradicional sirene de ataque aéreo seguido do metal extremo que certamente bebe da fonte de outras bandas mineiras. Com uma veia oldschool, a banda investe em palhetadas e blast beats muito velozes. A sonoridade do baixo vem com grande notoriedade e peso. O vocal gutural de Frank Jones possui um timbre bastante grave, que embora seja característico do estilo, também encaixaria com facilidade em uma banda de grindcore. Apesar da brutalidade sonora, é interessante notar que também há uma atenção para partes melódicas (dentro do que o gênero permite, claro), solos e trechos cadenciados. "Reversed - The Exterminator of Wretches" mostra levadas compassadas, além de um bom repertório do vocalista, com vocais mais agudos e rasgados, 

Em "Manifest in Fury" e "Forging Extinction" a linha do baixo mostra a grande importância do instrumento na banda, tornando a obra mais sólida e completa, com muito peso e coesão, encaixando muito bem na proposta do som. "Southeast Warfront" tem uma veia tradicional do Death Metal, com um quê do metal extremo brasileiro e alguns elementos experimentais que dão resultados interessantes à composição. "Plague Eradication" tem uma pegada interessante, quase pendendo ao Heavy Metal, como se fosse uma versão extrema de um som clássico. Ao mesmo tempo em que possui outros trechos na linha death/black e destila solos de guitarra em uma pegada oitentista. Tudo isso faz com que a faixa seja uma das mais completas e complexas do álbum. 

A faixa-título "Ignition to the Apocalypse" é a que encerra o full-length e trata-se de uma das mais brutais de todo o trabalho. Com blast beats e riffs que assemelham-se à uma metralhadora de alto calibre, a escolha desta faixa para fechar o trabalho foi acertada, pois resume bem o que é a banda. E assim como se inicia, o álbum encerra com ruídos de guerra, o que combina e muito com a musicalidade dos bangers. Resumidamente: se o seu negócio é metal extremo, veloz, bruto e sem frescuras, você deve cair de cabeça neste álbum. 

Algum tempo após o lançamento do álbum, o vocalista e guitarista Frank Jones deixou a banda e foi substituído pelo vocalista Raul Frezza. A formação atual, além do novo vocalista, conta com Franklin Mello (baixo), Sérgio Alcântara (guitarra) e Caimi Nery (bateria). 

O álbum está disponível nas versões física e digital. Confira abaixo:

CD físico:


CD digital:

quinta-feira, agosto 01, 2019

::Resenha:: Kultist - The Black Goat

Kuktist - The Black Goat (2019)

Intitulando seu som como Dark Metal, o Kultist apresenta uma proposta muito interessante e que foge do óbvio. Com integrantes de São Carlos e São Paulo (SP), a banda é formada por três mulheres e um homem. E uma coisa é certa: experiência é o que não falta ao quarteto. O lineup conta com Yasmin Amaral (guitarrista - Eskröta e S.U.C.), Karine Campanille (baixista - MauSangue, ex-Föxx Salema), Letícia Figueiredo (baterista - ex-Avec Tristesse, ex-Venin Noir) e Daniel Pacheco (vocalista - Re-Animation, ex-Cursed Slaughter). A banda foi fundada em 2016 e em maio deste ano lançaram seu primeiro trabalho, o full-length "The Black Goat". O trabalho contém oito faixas autorais e pouco mais de vinte e sete minutos de duração. Foi gravado no Bay Area Studios e produzido, mixado e masterizado por Diego Rocha. O artista que assina a belíssima capa é Wendell Narkdemi

O pulo do gato do Kultist é a temática escolhida. Todas as suas músicas são baseadas nas obras de HP Lovecraft. De acordo com a própria banda, esse disco "conta histórias das páginas esquecidas de Necronomicon, encontrado nos escombros da universidade Miskatonic, na cidade de Arkaham". O álbum físico foi lançado por diversos selos e está também disponível em todas as plataformas digitais. 

Sem mais delongas, "Shub-Niggurath" atinge os falantes de forma direta e reta, sem introduções, barulhinhos ou qualquer coisa do tipo. A música surpreende aos mais desavisados que, baseando-se pela capa e temática, podem esperar por algo mais extremo. O som pesado e sujo (no bom sentido, obviamente) com uma levada cavalgada denuncia diferentes influências, mas de imediato, o Thrash se sobressai, evidenciado pelo vocal de Daniel, que remete à bandas clássicas da Bay Area. Em contrapartida, os backing vocals rasgados de Yasmin e Karine tem uma veia death/black, dando uma boa incrementada na composição, que possui uma levada viciante. "Kult Of Dagon" apresenta elementos calcados no black metal com sua crueza virulenta e tem um dos trabalhos e linhas vocais mais agressivos do álbum. As palhetadas casando com os pedais duplos criam uma atmosfera necessária para a parte lírica. O refrão soa como um clássico do metal. "Madness arise! Madness arise!"

O destaque de "The Crawling Chaos" e "Eternal Abyss" fica para os riffs e os ótimos trabalhos das guitarras com bases agudas, que conclamam a pesada presença da cozinha, comandando ótimas cadências. "Symphony of Madness" traz riffs atmosféricos e destacada participação dos backing vocals que tornam a obra mais obscura. A faixa possui um andamento mais acelerado e com boa variação rítmica. 

Em "Frozen Fear", o compasso vai de bastante arrastado para aquela levada que pega na veia, ditada pelos pedais duplos da bateria. A linha do baixo é talvez a melhor do álbum, com direito a um solo do instrumento, a presença é palpável e agradável de ouvir. Mais uma vez os vocais se destacam, somando ao som do Kultist e dessa vez, intercalam entre um ótimo agudo limpo e um rasgado agressivo, dando uma boa noção do grande leque musical da banda. 

"Sign in Blood" e "Black Swamp" fecham o álbum de estreia do e das paulistas. Ambas seguem uma pegadona thrash old school O timbre da guitarra da primeira é realmente muito bom, com peso que preenche o ambiente. A última música (faixa-bônus), que possui um dos melhores refrões de todo o álbum foi a primeira a ser divulgada pela banda através de um lyric video divulgado ainda em 2016. Confira aqui.

A experiência individual de cada integrante da Kultist culminou em uma banda diferenciada, mas com uma pegada clássica e honesta. "The Black Goat" é um puta pontapé inicial. Peca apenas na duração. Em menos de meia hora, tudo se acaba e só resta dar play novamente. 

O álbum físico está disponível nos selos abaixo:


Caso prefira a versão digital, "The Black Goat" está disponível em todas as plataformas de streaming. Confira algumas abaixo: