sexta-feira, outubro 23, 2020

::Resenha:: Scalped - Manufactured Existence Obsolence

Scalped - Manufactured Existence Obsolence (2019)

 

Após um ano de silêncio no blog, lentamente retornamos aos trabalhos.

E a escolha para marcar esse retorno, parece um tanto acertada. Para contrapor ao período de estagnação desse meio de comunicação, escolho um álbum com um verdadeiro poder bélico. Manufactured Existence Obsolence é o segundo álbum dos mineiros do SCALPED. Quem acompanha a banda, sabe a avalanche que foi seu debut-album, “Synchronicity of Autophagic Hedonism” e, portanto, a missão de lançar um sucessor a este trabalho, seria ingrata e carregada de muita pressão. Certamente fãs e mídia especializada aguardavam com grande expectativa pelo novo petardo. E, sem nenhum suspense, já adianto, que decepção não teve vez aqui.

O Scalped nem deixou a poeira do álbum de estreia baixar e sacou da manga o filho maldito número 2, novamente lançado pela Songs For Satan. A mixagem e masterização ficaram por conta de Marcelo Roffer, no Estúdio Roffer em Belo Horizonte-MG, onde a banda também gravou o full. A incrível parte gráfica leva a assinatura de Pablo da PMP Artwork, com referências ao grande artista H. R. Giger. e merece uma atenção especial.

O trabalho dos mineiros conta com dez faixas, sendo duas introduções instrumentais. A parte lírica do álbum também é algo que salta aos olhos, pois denunciam letras com conteúdo e boas críticas, além de títulos criativos como “Cognitive Taxidermy”, “Venereal Social Darwinism” e “Stoic Cataclysm”. Nada daquelas letras genéricas apoiadas no pensamento de que “ninguém vai entender mesmo”.

A parte musical, como já esperado antes do primeiro acorde, é o descarrilamento de um trem (com o perdão da brincadeira com os mineiros). Brutal Death Metal solidificado. E, se o primeiro álbum já era tudo isso, nesse, a banda demonstra claramente uma evolução sonora. Mesmo com a perda de um guitarrista, o som amadureceu. É interessante notar como isso ocorre com uma certa frequência. Talvez a banda se torne mais unida após a perda de um integrante e o entrosamento decola. Meras suposições. O fato é que, a essência da banda foi mantida, mas o Scalped não teve medo de inovar e até desacelerar em certos momentos, apostando em levadas com mais groove e um pouco de metal tradicional, como em um ou outro solo. Mas não se engane, toda a brutalidade do metal extremo está presente em peso. O rolo compressor formado pela cozinha (Bruno no baixo e Marcelo na bateria), os blast beats e o peso dos bumbos, além do vocal extremamente grave de Fernando forjam a violência do Scalped. Os riffs venenosos da guitarra de Thiago, que agora segura o rojão sozinho, são a base de sustentação da insanidade que é este álbum.

Destaco as faixas “Dissociative Catalepsy”, com uma dinâmica muito interessante, misturando bem a brutalidade do metal extremo com momentos mais experimentais e tradicionais, com um solo bem trabalhado. Ambas as intros “The Tyrants Architecture” e “Indoctrinated Infected Awareness” também são muito bem desenvolvidas e de fato possuem uma atmosfera de introdução, que criam uma expectativa do que vem pela frente no ouvinte. E o que vem pela frente à segunda intro é “Polytheistic Necromancy”, com uma das levadas mais envolventes do CD. O solo do baixo que precede uma base arrastada é o grande momento da composição, remetendo à obras de Six Feet Under, Obituary e, claro, Dying Fetus. Em “Aphasia”, a banda fecha o excelente trabalho, onde fica difícil pontuar um único destaque, pois os solos são realmente muito bons e harmoniosos, a linha do baixo é palpável, pesada e muito boa, os pedais duplos soam como metralhadoras e a garganta de Fernando vociferando e expelindo ódio sonoro.

Essa resenha tardou (E MUITO), mas saiu. Não poderia deixar de falar sobre mais este petardo de uma das bandas mais insanas do Brasil. Ainda mais quando a qualidade musical se equipara à qualidade lírica, fazendo referências à ciência, cientistas e importantes pensadores.

Altamente recomendado!

HAIL SCALPED!

Onde comprar: 

Heavy Metal Rock

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