quarta-feira, julho 31, 2019

::Resenha:: Clawn - The Great Excuse to Domination

Clawn - The Great Excuse to Domination (2011)

O Clawn é um trio brasileiro de Brutal Death Metal. Fundado em 1998 na cidade de Botucatu, interior de São Paulo, distante cerca de 240 quilômetros da capital. A banda possui em sua discografia duas demos, um EP e dois álbuns. O último deles, lançado no final de 2011 pela Black Hole Productions, e intitulado de "The Great Excuse to Domination" é considerado como um dos grandes trabalhos nacionais do metal extremo. O álbum é o último registro do trio, que entrou em pausa em 2012 para retornar com a mesma formação em 2018.

A música do Clawn é brutal, veloz, muito bem construída e com muita pegada. O peso de guitarras e baixo transbordam pelo fone de ouvido e os excelentes vocais rasgado e grave de Fabio Gonçalves e Rodolfo Carrega respectivamente, funcionam de maneira profissional. E como encaixam na sonoridade da banda. Com palhetadas insanas casando com o potente e incansável pedal duplo da bateria de Pedro Corrêa, a sonoridade deste álbum é uma aula de Death Metal. Suas composições soam completas, encorpadas, sem lacunas em lugar algum. Mérito do profissionalismo da banda e da produção que certamente captou a música como ela foi pensada: como um coice na fuça de um distraído. Ao ouvir esse álbum para redigir esta resenha, meu maior receio era o uso abusivo da palavra "brutal", porque dificilmente outra palavra resume melhor o Clawn e este álbum do que essa. Mas, além desta qualidade, a técnica e o feeling da banda se fazem muito notáveis também.

Composto de 12 faixas - sendo uma instrumental - e mais de cinquenta e dois minutos de duração, falar de faixa por faixa poderia ficar massante, portanto, decidi por pontuar as que mais se destacam, correndo o grande risco de deixar de lado excelentes obras, pois verdade seja dita, o álbum como um todo é primoroso.

"Hateful Redemption" além de toda a insanidade dos blast beats, riffs e pedais velozes, ainda encontra espaço para encaixar levadas cadenciadas com uma pitada soturna que somam à composição, criando uma atmosfera envolvente. "Unrelenting Need to Kill" tem um título visceral que casa com sua sonoridade death metal old school e também remete ao Malevolent Creation da fase "Eternal"/"In Cold Blood". "Religious Plague" rendeu um videoclipe à banda divulgado ainda antes do lançamento do álbum. A introdução reproduz um trecho do filme "Carrie, a Estranha" de 1976, onde a mãe de Carrie a arrasta pela casa, trancando-a em um armário, obrigando-a a rezar e assim, se purificar.A introdução foi escolhida para emoldurar a letra que aborda o fanatismo e a alienação religiosa. Aos gritos de protesto e pânico da garota, o terror musical se inicia em um blast beat vertiginoso e berros infernais dos vocalistas em uma linha tradicional do metal extremo explorando diferentes elementos da percussão e demonstrando grande repertório, especialmente da cozinha.

"Last Hours of Humanity" mostra mais um pouco da versatilidade do Clawn, com levadas que fogem um pouco do metal extremo e apresentam até algumas pitadas de thrash metal. "Fear the Truth", "Cursed Inherintance" e "Blessed by the Fake Light" também demonstram diferentes influências, inserindo ótimas levadas cadenciadas e arrastadas que contrastam ao mesmo tempo que harmonizam (se é que isso faz sentido) com o todo dessas composições. Faixas virulentas com pegadas contagiantes.

Finalizando esse grandioso álbum do metal extremo nacional, a banda apresenta a composição "Oblivion", com quase nove minutos e meio de duração, o que faz dessa, de longe, a faixa mais longa do full-length. Trata-se de uma obra completa, com partes arrastadas e uma certa dose de melancolia, que remete ao doom metal e ao black metal escandinavo, potencializado pelo vocal agudo/rasgado de Fabio e a percussão compassada e arrastada. A faixa ainda passa por momentos mais melódicos, com direito à dedilhados acústicos e uma atmosfera obscura e lúgubre. Grande escolha para fechar o CD.

Não à toa, The Great Excuse to Domination é um marco na carreira do Clawn, pois trata-se de uma obra de alto nível técnico, profissional, marca pessoal dos músicos e muita violência sonora. Com o retorno da banda às atividades, a expectativa pelo sucessor desse grande trabalho já é grande.

O álbum está disponível para audição online e à venda pela Black Hole Productions. Confira abaixo:

CD Digital:

Bandcamp

CD físico:

Black Hole Productions

Kingdom of Maggots: Lyric Video de The War Ends

Após anunciar seu retorno mais de uma década afastada dos palcos, a banda Kingdom of Maggots (Death Metal de Leme-SP) divulgou em suas redes sociais o lyric video para a faixa "The War Ends". Presente no CD demo "Slaughterous and Bloodthirsty", lançado no início de 2007, a faixa fala sobre o término de guerras, quando as baixas e prejuízos são calculados e quando nota-se verdadeiramente o tamanho da tragédia. O vídeo amador, composto de imagens reais de diversas guerras, incluindo as duas guerras mundiais, guerra do Golfo, Guerra do Vietnã e Guerra do Iraque foi produzido pelo próprio vocalista Flávio Diniz e divulgado como mais uma forma de celebrar o retorno dos lemenses às atividades após tanto tempo de silêncio. A formação que sobe aos palcos em agosto (17 em Leme e 25 em Americana) é a mesma que realizou o último show, em 2008. O já citado vocalista Flávio Diniz, Mário Sterzo no baixo, Felipe Marchi na guitarra e Nazir Neto na bateria. 

Dentre as outras novidades estão a volta de seu CD à venda (disponível diretamente com a banda através de sua página no Facebook), a disponibilização do mesmo em todas as plataformas de streaming e o lançamento de um novo modelo de camisetas, também disponível em sua página no Facebook.

Confira abaixo o lyric video lançado este mês no canal da banda: 

quinta-feira, julho 11, 2019

::Resenha:: Affront - World In Collapse

Affront - World in Collapse (2018)

Em novembro de 2018, o Affront (Thrash/Death Metal da capital do Rio de Janeiro) lançou "World In Collapse". Segundo álbum da banda que foi fundada em março de 2016, após o término da também carioca Unearthly, banda de Black Metal que durou de 1998 até 2016. O primeiro álbum foi lançado ainda no ano de fundação da banda e levou o título de "Angry Voices". O mais recente, lançado em novembro de 2018 e a atual formação da banda traz M. Mictian no baixo e vocal, Rafael Rassan nas guitarras e Rafael Lobato na bateria. O entrosamento palpável do trio tem uma explicação. Os três fizeram parte da extinta banda de black metal carioca e, além disso, possuem longa experiência em outros nomes do metal nacional como Imago Mortis, Ânsia de Vômito, Mysteriis e outras bandas. 

"World in Collapse" foi gravado no Musicalico Studio no Rio de Janeiro-RJ entre agosto e junho de 2018. Produzido por Rafael Rassan e M. Mictian, mixado e masterizado por Ciero no Da Tribo Studio. A capa e a arte gráfica levaram a assinatura de Edu Nascimento. 

Com onze faixas e mais de trinta e cinco minutos de duração, o Affront pratica um Thrash/Death nervoso, com diversas influências. A sonoridade das guitarras, com riffs ácidos, ainda denuncia um gosto pelo black metal. Some o timbre da guitarra à voz de Mictian e você pode notar que ainda há um pouco do Unearthly ali, embora, a abordagem seja completamente diferente, tanto nas letras quanto na execução das músicas. O fato é que encontra-se uma boa diversidade musical nas composições. Não é um simples álbum de Thrash Metal, mas um álbum maduro de uma banda experiente e que sabe dosar todas as suas influências. O casamento do timbre Black com a essência Thrash é, na opinião deste que vos escreve, um dos maiores trunfos do Affront e que, certamente a diferencia de boa parte das bandas contemporâneas. Há uma boa dose de oldschool em suas composições, mas com muita criatividade e até uma certa modernidade, nada exagerado e descabido, claro, apenas o suficiente para que a banda não soe datada. O álbum segue um padrão de qualidade e não desanima ao longo das faixas, pelo contrário, a energia, a criatividade e o poder das composições se mantém inabaláveis do início ao fim. No entanto, algumas faixas merecem maiores destaques: 

Na contramão da agressividade, o álbum abre com "Dirty Blood", que traz belos arranjos acústicos dedilhados e trabalhados com um toque de melancolia seguido pela distorção veloz e insana da guitarra de Rassan. Em "Dirty Blood" e "Favelas... Senzalas", a bateria é um verdadeiro tanque de guerra, deixando sua marca impressa com imponência. Pedais duplos ditam o ritmo e preenchem o ambiente. O peso do baixo, com grande importância cria uma cozinha de respeito. Os solos de guitarra são interessantes e remetem ao Heavy Metal NWOBHM.

Nem só de brutalidade, é feito o álbum e os cariocas encontram espaço para levadas mais cadenciadas e envolventes, como em "Monument to Hate", onde os riffs caminham junto com a cozinha e entregam um resultado com muito peso e pegada na veia. "There's No Tomorrow" e "Ancestral" seguem a mesma linha, apostando em compassos menos velozes.

"Violence", já conhecida dos fãs por ter saído como faixa bônus da versão europeia de Angry Voices tem um refrão fácil de cantar e uma ótima variação rítmica, onde até mesmo uma veia rock n' roll se apresenta vez ou outra. Confira o videoclipe feito para esta música, clicando aqui.

A faixa-título "World in Collapse" é uma pedrada certeira. Riffs ríspidos que sintetizam o speed thrash metal, cozinha afinadíssima e uma das faixas com melhores variações rítmicas. Agressiva e rica, a banda mistura a brutalidade do thrash metal cru com levadas compassadas ditadas nos pedais duplos e solo de guitarra melódico. A escolha dessa música para batizar o álbum não poderia ter sido melhor, pois trata-se de uma das melhores, se não a melhor, composição do full-length.

Fechando o trabalho, o choro "Mazurka" do compositor brasileiro Heitor Villas Lobos, onde o setor de cordas destila sua versatilidade e técnica em uma obra pra lá de agradável e por quê não, inusitada? Ao menos como forma de encerrar um álbum de Thrash/Death Metal.

"World in Collapse" é um disco de muita qualidade, técnica e entrega dos músicos, presenteando o headbanger com um álbum honesto, verdadeiramente metal e simplesmente muito bom, daqueles que você ouve repetidas vezes sem perceber. Brutalidade, técnica e versatilidade musical resumem bem o que é o Affront.

Versão física do álbum:

Heavy Metal Rock

Versão digital do álbum:

Deezer
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terça-feira, julho 09, 2019

Kingdom of Maggots: retorno aos palcos e CD disponível


Longe dos palcos desde 2008, a banda de Death Metal da cidade de Leme-SP, Kingdom of Maggots anunciou seu retorno às atividades este ano. Sua última apresentação ocorreu em julho de 2008 em Leme no 2º Morticínio Metal Fest. O retorno oficial está marcado para 17 de agosto de 2019. A banda será uma das atrações do 10º Morticínio do Inferno, em sua cidade natal. Uma semana depois, se apresenta também em Americana no Ataque Satânico Festival. Onze anos após a pausa, a banda se reúne com a mesma formação de seu último show: Flávio (vocal), Mário (baixo), Felipe (guitarra) e Neto (bateria). Além do retorno aos palcos após onze anos, o Kingdom of Maggots também disponibilizou novamente seu CD demo "Slaughterous and Bloodthirsty" para venda. O CD pode ser adquirido diretamente com a banda através de suas redes sociais pelo valor de R$10,00 + frete. O trabalho dos lemenses também foi disponibilizado em todas as plataformas de streaming através de uma parceria com a Roadie Metal. 

"Slaughterous and Bloodthirsty" foi gravado em 2006 no Under Home Studio em Ribeirão Preto-SP por Rômulo Ramazini (Necrofobia). Lançado em janeiro de 2007, o CD conta com cinco faixas autorais e uma introdução, além de uma faixa multimídia.

Ouça o CD nas plataformas de streaming:

Deezer

segunda-feira, julho 08, 2019

Dysnomia faz promoção no mês do rock

Os são carlenses do Dysnomia (Death Metal) anunciaram em suas redes sociais duas promoções para comemorar o mês do rock. Válida de 01 até o dia 14 de julho, a banda disponibilizou para os bangers dois pacotes de promoção de alguns de seus produtos. Dessa forma, é possível adquirir os dois álbuns e o EP por um preço muito em conta, especialmente para quem não é da mesma cidade da banda. 

Confira abaixo os kits disponíveis e valores de cada um. 

Kit Proselyte

Kit Anagnorisis


quarta-feira, junho 19, 2019

Eskröta divulga tour no Nordeste


A banda Eskröta (Crossover do interior paulista) divulgou em suas redes sociais uma turnê pela região Nordeste do Brasil. Até o momento são sete datas agendadas, passando por sete dos nove Estados da Região. Os shows começam no meio de agosto e devem servir como promoção do split que a banda lançará com a Afronta (crust/hardcore feminino de Fortaleza-CE). O split leva o nome de "Ultriz", sairá nos formatos vinil 7" e CD e tem previsão de lançamento para Agosto de 2019. 

Confira a agenda completa da Eskröta abaixo:

13/07 (SÁB) - Curitiba/CE Arraiá do Cão Profano
16/08 (SEX) - Fortaleza/CE @TBA
17/08 (SÁB) - Natal/RN @TBA
18/08 (DOM) - João Pessoa/PB @TBA
18/08 (DOM) - Recife/PE - Eskröta no Recife
23/08 (SEX) - Maceió/AL @TBA
24/08 (SÁB) - Aracaju/SE - @TBA
25/08 (DOM) - Salvador/BA @TBA
07/09 (SÁB) - Brasília/DF @TBA
07/03/2020 (SÁB) - Porto Velho/RO

terça-feira, junho 18, 2019

Homenagem a André Matos no Rock in Rio ganha força


A página do Rock in Rio no Facebook divulgou uma nota desejando melhoras ao vocalista, guitarrista e fundador do Megadeth, Dave Mustaine. O líder da banda divulgou esta semana que foi diagnosticado com câncer e que, portanto, o Megadeth cancelaria os shows de 2019 para que ele pudesse ficar totalmente focado no tratamento em que os médicos estão bastante otimistas para uma total recuperação. Na publicação do festival carioca, choveram pedidos por parte dos fãs por uma homenagem a André Matos para substituir a banda dos Estados Unidos. O pedido mais pronunciado e apoiado era por uma reunião entre Angra, Viper e Shaman, unidos para homenagear o vocalista que faleceu no início deste mês. A página do Rock in Rio ainda não anunciou sua decisão para a vaga, mas uma maioria absoluta faz bastante barulho em prol da homenagem. 

O vocalista André Matos faleceu devido a um infarto fulminante no dia oito de junho. Em seu legado, o cantor deixa o vocalista deixa uma longa discografia com as bandas Viper, Angra, Shaman e carreira solo. 

domingo, junho 16, 2019

Dyingbreed: Confira o novo videoclipe

Extraído do álbum "Under a Black Sun", a banda gaúcha DyingBreed (Death Metal) apresenta o videoclipe da faixa brutal "Agent of Chaos". O álbum foi lançado em novembro de 2018 através do selo Black Hole Productions. O videoclipe divulgado pela banda teve a produção da Ablaze Productions. 

Confira abaixo o novo videoclipe. Disponibilizamos também a resenha do álbum e a entrevista que realizamos com o baixista Fabricio Bertolozi:


sexta-feira, junho 14, 2019

João Gordo passa três dias em U.T.I.

Vivi Torrico, esposa do vocalista do Ratos de Porão, João Gordo, divulgou uma foto em sua conta no Instagram, onde ela está ao lado do marido em uma maca de hospital. De acordo com a publicação e uma entrevista à UOL, Vivi disse que João ficou três dias internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (U.T.I.) em um hospital de São Paulo para se recuperar de uma pneumonia dupla, falta de oxigenação e oscilação da glicose. Na foto, o vocalista aparece com uma máscara de oxigenação, mas já em clima descontraído. Seu quadro apresentou melhora e, assim pôde migrar para um quarto normal. Na entrevista, Vivi relatou que há um chiado em seu pulmão e, por isso, deverá seguir internado, mesmo que em quarto normal. Os motivos para a internação, segundo ela, foram uma gripe mal curada, o desgaste de uma turnê recente e diabetes fora de controle devido ao choque que sofreu pela morte do amigo e vocalista André Matos. 

Confira abaixo a publicação de Vivi Torrico em seu Instagram:

"Depois de 3 dias de UTI com pneumonia dupla, falta de oxigenação, oscilação da glicose; hoje quarto normal!! João Gordo tome jeito e se cuide pls! A vida pode mudar a cada instante"


Khrophus anuncia sequência de shows em Minas Gerais


Os veteranos do Death Metal brasileiro, Khrophus (São José-SC) anunciaram uma sequência de quatro shows em Minas Gerais. A banda retorna ao Estado Mineiro após dez anos e tem uma sequência de quatro shows nas cidades de Belo Horizonte, Ipatinga, Rio Pomba e Sete Lagoas. Os shows fazem parte da turnê comemorativa de 26 anos de carreira dos catarinenses, que possui, dentre os principais trabalhos, três álbuns lançados. O último trabalho do trio foi lançado em 2016. Trata-se da compilação Presages/Eyes of Madness, que conta com dezoito faixas e teve o apoio do selo Grinder Cirujano Records. Confira abaixo as datas da turnê e os links dos eventos no Facebook:

21/06 -  Ipatinga
22/06 - Rio Pomba
23/06 - Sete Lagoas

sábado, junho 01, 2019

Intourior recebe Desalmado em Araraquara


Intourior é o nome dado à turnê das bandas araraquarenses Toxic Death, Tessalônica, Os Capial e Prey of Chaos. Unidas em prol do underground e com a finalidade de levar o som das bandas para diversas cidades do Estado de São Paulo. Ocasionalmente outras bandas da cidade juntam-se aos fests, como Blixten, Damage Corporation e bandas das cidades por onde a mini tour passa. 

Retornando à cidade natal, a Intourior recebe no Teatro Wallace um dos maiores nomes do grindcore nacional. O Desalmado. Fundada em São Paulo no ano de 2004, com dois álbuns lançados, além de EPs e outros registros, a banda segue divulgando seu último trabalho, o muito elogiado "Save Us From Ourselves", lançado pela Black Hole Productions. 

O evento, que marca o retorno da Morada do Rock, ocorre no Teatro Walace em Araraquara-SP no dia 08 de junho (sábado) a partir das 19:00. A entrada solidária pede um quilo de alimento. Juntam-se ao Desalmado as bandas locais Tessalônica, Toxic Death, Damage Corporation e Prey of Chaos. 

Realização do evento: Rock Brothers.

Link do evento: 

terça-feira, maio 28, 2019

::Resenha:: Tormenta - Batismo Da Dor

Tormenta - Batismo da Dor (2019)

Pode até ter levado um tempo enorme, pois a banda data de 1998, mas o primeiro álbum do Tormenta (Thrash Metal de Ribeirão Preto-SP) finalmente chegou. No entanto, apesar de terem se unido há mais de vinte anos, os paulistas tiveram duas pausas em sua história. De 2002 a 2005 e de 2008 a 2010, portanto, aproximadamente cinco anos de inatividade nos vinte e um de existência. "Batismo da Dor" é o debut album, mas o segundo registro da banda, que conta com um EP lançado de maneira independente em 2006. 

Treze anos depois e em grande estilo surge o principal trabalho da Tormenta, com uma atenção especial dedicada à parte visual do full. Digipack bem trabalhado, com citações de Shakespeare, Goethe, Gandhi, José Saramago e outros antecedendo as letras das músicas no encarte, além de uma capa que traz uma escultura do artista italiano Enrico Ferrarini. A obra, intitulada "Urlo", ("urro" ou "grito" em italiano) permite reflexões a respeito de expressões e sentimentos, como um subconsciente berrando por trás de uma máscara socialmente aceita. A escultura somada às citações escolhidas pela banda, agregam positivamente ao trabalho como um todo e o deixam mais complexo e até intelectual.

Gravado, mixado e masterizado por Rômulo Felício (Necrofobia) e Rogener Pavinski (guitarra e vocal da Tormenta) no Under Studio em Ribeirão Preto-SP, o álbum foi produzido pela própria banda e à exemplo de seu primeiro EP, as letras são todas cantadas em português. O trabalho é composto de dez faixas, sendo duas instrumentais e um cover. 

Já de cara, fica evidente uma das principais qualidades aqui: o profissionalismo. A musicalidade e o modo como ela foi captada, o nível das composições e até mesmo a seriedade com que os músicos encaram a empreitada é algo nítido. "Cumulonimbus" é uma introdução instrumental com riffs melódicos e em grande harmonia. A maneira como se complementam é muito bem construída e realmente chama a atenção. Baixo e bateria injetam peso e groove na medida e toda a banda esbanja técnica e conhecimento dos instrumentos.

É interessante notar como a banda dosa bem as influências na hora de compor, pois possui elementos pesados e rápidos, cadenciados e melódicos, modernos e old school e tudo isso pode estar em uma única composição, entregando ao fã um belo resultado sem soar nada forçado. É fato que o gênero adotado pela banda é o Thrash Metal e trata-se de um estilo pra lá de saturado e, no entanto, "Batismo da Dor" não é nem de longe um álbum datado, ultrapassado ou somente mais do mesmo. Os ribeirão-pretanos se empenharam em entregar um full-length com criatividade e alma. E conseguiram. Tudo está lá: a gana do vocal, as palhetadas rápidas e certeiras das guitarras e o peso e a condução da cozinha. Esse é um daqueles álbuns pra você mostrar pra quem diz que metal não soa bem em português, pois essa é a prova cabal de que o nosso idioma casa muito bem com riffs pesados e velozes, mas experiência e competência são de suma importância para um bom resultado. Além disso, a honestidade ao interpretar as letras faz a gana transparecer e soar natural. 


Tormenta (2019)

Todo o álbum mantém um alto nível, sem oscilações ou faixas fora de contexto. É realmente muito bom do início ao fim. Abaixo falo um pouco das que mais se destacaram para mim. 

A faixa-título "
Batismo da Dor" que virou Lyric Video recentemente tem refrão e outros trechos marcantes. A ponto de você se pegar cantando depois de ouví-la míseras duas vezes. O título é excelente e mereceu batizar o álbum. Aqui temos um dos melhores riffs do CD;

Reféns do Medo” tem um início mais melódico e dá a impressão de ser uma música menos pegada. Ledo engano, o peso e o groove aparecem com imponência e também possui um ótimo refrão; 

"
Em Nome de Deus", com críticas à líderes religiosos charlatões e à própria religião tem uma veia Speed Thrash e é uma das mais empolgantes. Daquelas em que você se vê obrigado a meter o volume no talo. Os pedais duplos unidos às palhetadas e a levada mais compassada e pesada são alguns dos grandes pontos;

Dono da Verdade” tem um andamento muito legal e é uma das mais bem produzidas. Possui uma das letras mais interessantes e, sem querer soar repetitivo, mas, que refrão! Com direito até a adaptação do famoso texto “já não havia ninguém para protestar” de Martin Niemoller; 

A Noite Espessa” é uma música introspectiva e profunda que fala sobre tristeza, depressão e solidão e somente pela versatilidade criativa da banda, já mereceria entrar em destaque, mas, além disso, é uma composição forte, com sentimento e honestidade. Letra e instrumental casam com perfeição nessa que é uma das mais complexas e envolventes músicas do álbum, coincidência ou não, é a mais longa, com seis minutos de duração. 

Por último, não poderia encerrar essa resenha sem mencionar o cover escolhido. "
Mal Necessário" de Ney Matogrosso. Uma escolha inteligente, que valoriza a cultura nacional e que foge do óbvio. A música ganhou uma roupagem fenomenal e, no entanto, toda a essência da obra original está lá. É mais um exemplo do profissionalismo da Tormenta, pois souberam criar algo novo em cima de um clássico, respeitando e mantendo a sonoridade de Ney Matogrosso e Tormenta. Certamente o próprio cantor apreciaria a homenagem. 

O álbum está disponível nas versões física (digipack) e digital. Confira abaixo:


Versão física:


Tormenta Site Oficial


Digital: 


Deezer
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sexta-feira, maio 17, 2019

::Resenha:: Arkana Fen - Reborn From The Ashes

Arkana Fen - Reborn From The Ashes (2019)

Arkana Fen é uma banda de Metal Sinfônico formada por um trio onde cada integrante reside em um canto do mundo. O baterista e tecladista Icaro Ravelo do Brasil, a vocalista Ellie Kamphuis da Nova Zelândia e o guitarrista e pianista Eric Aguilar do México. Os três uniram-se pelo gosto musical e amor pelo metal sinfônico através da internet e decidiram fundar o Arkana Fen, uma banda sem nacionalidade definida. No fim do mês de março de 2019, nasce a primeira cria deste projeto, o EP "Reborn From The Ashes", lançado nas plataformas digitais de maneira independente. O EP conta com três faixas e é o primeiro de uma trilogia de EPs que a banda pretende lançar ainda neste ano. Sua música aborda temas como encarar demônios pessoais e superação de desafios. 

"Fallen From Grace" inicia com uma bela introdução em um estilo épico/medieval e o que se segue é um Heavy Metal veloz, com palhetadas bem marcadas na guitarra, acompanhadas por pedais duplos e uma percussão precisa e coesa, tudo isso emoldurando o belo quadro que é a voz de Ellie. Refrão marcante, com uma grande produção, coros de backing vocal e notas harmoniosas dos teclados, que criam um clima que casa perfeitamente com a proposta da banda. Muito interessante também o solo do teclado que dá uma roupagem progressiva para a musicalidade da banda.

"Scarborough Fair" segue uma linha medieval/acústica e pode te transportar para a Terra Média dos Senhor dos Anéis, pois diversos momentos remetem ao Condado dos Hobbits e também à Valfenda, dos Elfos. Não por acaso, "Scarborough Fair" refere-se à Feira de Scarborough (cidade inglesa no condado de North Yorkshire). Essa feira era um dos maiores pontos de comércio da Inglaterra, na Idade Média. Voltando à parte musical, a introdução desta faixa nos faz lembrar de bons e clássicos álbuns de Nightwish e Epica. Inevitável destacar o belíssimo timbre das cordas vocais da neozelandesa. E por falar em timbre, em alguns momentos, o da guitarra ganha um peso que valoriza consideravelmente a musicalidade da banda, mostrando bom repertório de composição. Toda a atmosfera criada por instrumentos e vozes são de muito bom gosto e funcionam em perfeita harmonia.

A faixa-título "Reborn From The Ashes" fecha o EP. É a composição mais longa do trabalho, com mais de seis minutos de duração e faz bom uso de teclado e piano. Guitarra e bateria entoam levadas com muito peso e pegada. A percussão é bastante trabalhada nesta faixa, com rápidas e técnicas viradas, além de pedal duplo ditando o ritmo veloz da composição. O refrão também é marcado pelos bumbos, mas com um andamento mais cadenciado e marcante. O teclado é realmente de grande importância, fazendo duetos com os solos da guitarra. Os bons trabalhos vocais seguem se destacando e nesta faixa, há a participação de um vocal gutural masculino que casa muito bem com a sonoridade e um poema narrado com voz limpa da vocalista. O poema no interlúdio é de autoria da poeta brasileira Alana Nery. Essa faixa ganhou um Lyric Video no início de abril.

Arkana Fen é um projeto interessantíssimo e de alto nível profissional. O trio bebe de diversas fontes e sabe unir as diversas influências com naturalidade. Suas composições possuem heavy metal, heavy melódico, progressivo, metal sinfônico e uma pitada de melancolia. Tudo isso caminha em perfeita harmonia nas criações dos músicos. Resta agora aguardar pelos próximos dois EPs da trilogia!

Ouça o EP:

Amazon Music
Apple Store
Spotify

quarta-feira, maio 15, 2019

Surra: Ouça novo álbum

Surra - Escorrendo Pelo Ralo (2019)

"Escorrendo Pelo Ralo" é o nome escolhido para batizar o segundo álbum de um dos maiores nomes do crossover nacional da atualidade, o Surra. O sucessor do debut-album "Tamo Na Merda", lançado hoje (15 de maio de 2019) ganhou todas as plataformas de streaming e pode ser ouvido gratuitamente. A capa, que retrata bem as letras e a sonoridade da banda ficou à cargo de Marcelo Augusto. O álbum possui 17 faixas e pouco mais de trinta minutos de duração e é lançado pouco tempo depois do EP "Virou Brasil", registro este que apresenta até samba composto pela banda. 

"Escorrendo Pelo Ralo" é o segundo full-length do Surra, que possui muitos outros registros, como quatro EPs, um álbum ao vivo, singles e splits. Paralelamente ao álbum, a banda vem anunciando inúmeros shows pelo Brasil afora. Até o momento, 17 datas confirmadas envolvendo doze estados. Confira as datas na imagem abaixo: 

Confira os links para audição online do álbum:


Affront divulga novo vídeo

A banda Affront (Thrash/Death Metal), disponibilizou ontem, dia 14 de maio, o music vídeo em seu canal do YouTube, da musica "Violence" que faz parte do novo Álbum "World in Collapse", segundo CD da banda, o qual foi lançado no Brasil pelo selo Rothenness Records e em todo território da Europa pela Polymorphe Records no mês de abril. 

O vídeo é composto por imagens extras que ilustram situações das mais variadas como violências, que ocorrem no Brasil e no mundo, desde manifestações, fome, miséria etc...”

A obra também contém cenas captadas de shows da banda em performance no palco. A canção "Violence" é a faixa de número 6 do álbum e fala sobre  guerra civil, terror, relata sobre os traços da humanidade que leva e gera violência a que impera em todos os setores da sociedade.

Confira abaixo o novo trabalho do trio carioca.

terça-feira, maio 14, 2019

::Resenha:: AD NOXVL - Deliverance From Vnkonw

AD NOXVL - Deliverance From Vnknown (2019)

Fundada recentemente (2017) no interior de São Paulo, com integrantes das cidades vizinhas, Leme e Araras, a banda AD NOXVL lançou em março de 2019 seu primeiro registro. Trata-se da demo intitulada "Deliverance From Vnknown", gravada e mixada por Daniel Bonfogo no Estúdio dB em Leme-SP. A capa da demo e o logotipo da banda levam a assinatura do vocalista/baixista Erik.

Uma banda recém formada, mas que chega com uma proposta muito bem definida, que é absorvida de imediato pelo ouvinte. Há peso, força e identidade. Com uma essência Black Metal somada a diferentes elementos que fortalecem seu som. A sonoridade do Ad Noxvl deve ganhar com facilidade o público do black metal e do assim chamado blackened death metal, além de fãs do metal extremo que buscam por obras obscuras e até depressivas. 

A primeira faixa, "Sangvinem in Sacrificivm" abre o trabalho com uma veia melancólica e um início bastante cadenciado e arrastado. A atmosfera se instala rapidamente e com sucesso. O timbre da guitarra que vai do clássico à crueza e virulência, insere uma sonoridade suja (no bom sentido) e agressiva. A cozinha faz-se notar com forte presença, ditando o peso e a velocidade e imprimindo sua marca na composição, que traz ótimos trabalhos dos vocais, com bom repertório, ora urrando graves guturais, ora berrando notas rasgadas. Os riffs quase melódicos casam muito bem com os vocais mais agudos e as levadas cadenciadas funcionam de maneira contagiante. A obra é muito bem composta e trabalhada.

"Serpent ov Fire" é uma composição forte, madura e bem desenvolvida, explorando diversos elementos onde diferentes influências ficam evidentes. Há um pouco de black metal old school, assim como de outros gêneros do metal extremo, fazendo bom uso de uma fonte sangrenta para a criação de uma obra muito interessante. As guitarras estão em grande sintonia e o casamento com uma linha mais simples da bateria, traz um resultado envolvente e notório. O vocal, em especial o gutural/grave, mais uma vez merece um lugar de destaque, pois é um dos diferenciais da banda. O baixo despeja notáveis e belas notas incrementando o peso e a criatividade das cordas.

A faixa-título, "Deliverance From Vnknown" fecha a primeira demo do Ad Noxvl e nesta faixa, a qualidade se mantém. Com um início onde as guitarras entoam dedilhados melancólicos, quase lúgubres, criando mais uma vez uma atmosfera densa e magnética, os timbres das guitarras são de ótima escolha, ajudando a construir com muita eficiência essa identidade. O andamento da música é compassado, ditado pela bateria que faz bom uso dos pedais duplos e entrosa muito bem na aura da obra.

Com pouco mais de 14 minutos de duração, "Deliverance From Vnknown" se apresenta como um grandioso cartão de visita e cria grandes expectativas sobre o Ad Noxvl, que tem um imenso potencial pela frente. Ouça abaixo:

terça-feira, abril 30, 2019

Injúria: Nova fase e tour anunciada

A banda Leonardo Pais mudou de nome. Agora batizada de Injúria, a banda também passou por mudanças em sua formação. Diego Henrique é o novo baixista enquanto Hernani Cunha assumiu as baquetas. Leonardo Pais, o vocalista/guitarrista e fundador agora lidera um trio. E para estrear com pé direito, os bangers caíram de cabeça e anunciaram uma série de datas no Estado de São Paulo. Os shows anunciados começaram em janeiro e vão até julho, totalizando quinze apresentações até o momento. A banda segue divulgando suas composições próprias presentes no álbum de estreia End of Times, que conta com sete faixas. Confira a resenha do trabalho feita neste blog

Confira também as datas da tour na imagem abaixo. 


segunda-feira, abril 08, 2019

Eskröta divulga novo vídeoclipe

Na última sexta-feira, a banda Eskröta (crossover do interior paulista), formada por três garotas divulgou em suas redes sociais seu primeiro videoclipe. Extraído do EP lançado em 2018, a faixa-título "Eticamente Questionável" foi a escolhida para o vídeo. A produção ficou a cargo do Estúdio Válvula 9 e as filmagens foram assinadas por Otávio Silva. O vídeo captou bem a essência do trio, em plena forma, como acontece em seus shows. 

Aproveite e confira a resenha do EP e a entrevista que fizemos com a banda aqui no blog:

Eticamente Questionável (Official Video)

sexta-feira, abril 05, 2019

Entrevista com Eskröta


Sem dever nada a ninguém e com muita gana e força de vontade, a Eskröta mete o pé na porta e enfia o dedo na ferida. Doa a quem doer, a mensagem é clara, direta e transmitida com sucesso. Assim é seu som, suas letras e sua conversa. Transparência nas propostas, fazendo o que gostam e sem puxar o saco de ninguém. Assim vão conquistando o merecido espaço no underground nacional. Após lançar o primeiro EP "Eticamente Questionável" (confira a resenha feita pela Morticínio Produções) no meio de 2018 e se apresentar ao lado de grandes nomes nacionais, a banda se reabastece e acelera no metal underground. Conversamos com a vocalista e guitarrista Yasmin Amaral sobre a história da banda, preconceitos, a cena underground, dentre outras coisas. Confira:

A Eskröta surgiu em meados de 2017 como um quarteto, mas acabou se firmando como um trio. O que pesou na decisão de permanecerem somente em três integrantes? A banda funciona melhor dessa maneira?

Yasmin: No início da banda, a ideia era que eu ficasse apenas como guitarrista e realmente houvesse quem se dedicasse ao vocal. Após a saída da Mars (ex-vocal), ainda fizemos um teste com a Letícia (S.U.C) e rolou super bem, porém com as viagens que estavam surgindo, a viabilidade de levar apenas 3 pessoas era bem maior. Além da questão de composição, que já estava bem alinhada entre nós 3 e inserindo uma outra pessoa, talvez isso bagunçasse um pouco nossa organização. Por isso, decidimos seguir como trio.

Em seus shows, logo de cara vocês se apresentam ao público como uma banda feminista. Na sua visão, o público respeita essa postura? O metal ainda é um ambiente conservador?

Yasmin: Muitas vezes somos aplaudidas, principalmente pelas mulheres que sempre estão fortalecendo a cena. Mas há uma grande parcela do público que ainda torce o nariz para isso e tenta “argumentar” conosco. O metal tem sua frente antifascista, mas tem muito conservador e é para essas pessoas que devemos mostrar que temos força com nosso som. Enquanto eles ficam irritados, nós alcançamos cada vez mais mulheres abordando temas feministas.

Por ser uma banda formada exclusivamente por mulheres, vocês sentem alguma diferença de tratamento por bandas, produtores ou público?

Yasmin: Com certeza. Ouvimos muitas vezes que só conseguimos tocar em alguns lugares e ter certas oportunidades por conta do nosso sexo. Pasme, mas já ouvimos isso de outras mulheres também. “Ah, banda de mulher é mais fácil, tem mais exposição…” - só de ouvir isso você já sente a diferença. Porém, não estamos há pouco tempo tocando, então já esperávamos esse tipo de comentário.

Como vocês enxergam a cena feminina no metal mais pesado atualmente? Há alguma banda na qual se inspiram ou simplesmente admiram?

Yasmin: A cena das bandas, produções e coletivos feitos por mulheres está simplesmente fantástica. De norte à sul do país, tem muita coisa boa. Estamos com uma parceria com a banda Afronta de Fortaleza, além dos selos Crust Or Die (Débora Molina), Perna Torna (Thaís Aguiar), Brutal Grind (Juliana Ornellas), Capilebre (Ju Ghazi) e por aí vai. Todas as bandas que se formam são uma inspiração para nós, seria injusto citar apenas cinco ou seis, por isso vou pedir para que a galera siga o perfil da União das Mulheres do Underground para conhecer as milhares que temos espalhadas pelo Brasil. De referências clássicas, o L7 e Hole são as bandas que mais ouvimos.

O crossover permite que vocês transitem mais entre estilos, participando de eventos de metal, hardcore, grindcore, etc. Há algum tipo de evento onde vocês se sentem mais “em casa”?

Yasmin: Essa é uma pergunta muito interessante! Quando decidimos que a banda seria crossover, pensamos justamente nisso, em poder participar de diferentes tipos de evento. Até o momento, os eventos que mais nos acolhem e nos tratam com dignidade são aqueles produzidos por mulheres, não importa se é o Bruxaria Fest (Brasília, diversos tipos de bandas) ou se é o Maniacs Metal Meeting (Rio Negrinho, evento de metal). Nos surpreendemos em ver que todos os estilos nos fazem ter essa sensação de conforto!

Como você mencionou, em 2018, a Eskröta foi uma das atrações do festival Maniacs Metal Meeting. Conte-nos sobre como foi a experiência e o convite para o evento.

Yasmin: FODA! Fizemos vários vídeos e stories acompanhando a viagem porque simplesmente não acreditávamos. Desde o convite feito pela Liziane (produtora do MMM), até a recepção na chácara, passagem de som, alimentação… Poucas pessoas sabem, mas esse festival é organizado majoritariamente por mulheres e isso é incrível. Foi um prazer poder conhecer bandas como Wargore, o Facada (pessoalmente), 7peles, a Steph (canal Flashbanger)... foram muitas pessoas, muito conteúdo bom para absorver em apenas 2 dias. Estamos muito gratas pela oportunidade!

Atualmente vocês estão se apresentando com diferentes bateristas pela ausência temporária da Miriam Momesso, integrante oficial da banda. Como foi e como está sendo a adaptação dos bateristas substitutos? Vocês tinham preferência por uma mulher para substituir a Miriam ou isso foi indiferente?

Yasmin: Com certeza, queríamos que outras mulheres fizessem parte da história da Eskröta, porém não é fácil encontrar quem esteja disposto a viajar com uma banda que não é sua. Nós entendemos isso e empatizamos. No momento, o Jhon França (Cerberus Attack) é quem está nos acompanhando até a volta da Miriam para o Brasil. Ele abre mão de muita coisa para estar conosco e isso nos emociona demais… Não poderíamos estar mais agradecidas.

Cada uma de vocês mora em uma cidade do interior paulista. Como é a logística da banda? É fácil conciliar horários para ensaios e reuniões?

Yasmin: Na verdade, eu moro em São Carlos e a Tamy e Miriam moram em Rio Claro, então é relativamente perto. Mas, antes de um ensaio, tentamos compor em casa, levar algumas ideias prontas para aproveitar o tempo de estúdio.

Como foi trabalhar com a guitarrista Prika Amaral da Nervosa na masterização do CD?

Yasmin: O EP como um todo foi uma experiência e tanto para nós. Gravamos tudo com o Léo (Surra) em 2 dias, ficamos meses trabalhando em timbres e efeitos. Porém, faltava a masterização. A Prika surgiu como um anjo! Combinamos com ela como seria feito esse trabalho e rolou maravilhosamente bem. Ela é uma excelente profissional, entendeu nossa proposta, nos deu todo o suporte, além de ser uma grande amiga nossa.

Eskröta - Eticamente Questionável (2018)

O primeiro registro de uma banda independente é sempre um momento marcante. O EP como um todo, atingiu às suas expectativas?

Yasmin: Superou nossas expectativas. Ele nasceu como um EP simples de divulgação, porém ele ficou muito completo, da forma com que a gente nunca sonhou… A gente canta as músicas e ainda se arrepia com as letras que escrevemos. Ver as minas cantando, usando camiseta no show, gritando conosco é indescritível.

Conte-nos um pouco sobre a gravação e produção de “Eticamente Questionável”.

Yasmin: Já dei uma palhinha ali em cima né, rs. Ainda éramos 4 quando gravamos com o Léo, em janeiro de 2018. Fomos para Santos e ficamos entre a casa dele e o estúdio Warzone. As gravações ocorreram praticamente 24 horas, a gente acordava de madrugada e já começava a gravar, porque só tínhamos um fim de semana. Com a saída da Mars, tivemos que reescrever todas as letras e regravar os vocais e por isso demorou um pouco mais do que esperávamos.

O viés ideológico da Eskröta nunca foi mascarado ou escondido. Por diversas vezes vocês se posicionaram contra determinados políticos e suas linhas de pensamento. Inevitavelmente, esses posicionamentos acabam trazendo atenções não desejadas. O que vocês podem nos contar sobre os haters da banda? Chegaram a ter alguma experiência mais desagradável?

Yasmin: Olha, as eleições de 2018 foram o pior período pra gente. Nós tocamos no dia em que o fascista foi eleito e isso nos deixou muito tristes, principalmente pelos ataques na nossa página, comentários gordofóbicos e machistas. Hoje ainda recebemos esse tipo de “crítica” no inbox, mas ignoramos e seguimos firmes no nosso propósito!

Muito obrigado pela atenção e tempo cedidos. Fiquem à vontade para falarem sobre algo que não foi mencionado. O espaço é de vocês.

Yasmin: Quero agradecer ao espaço que vocês sempre nos deram, é muito bom poder responder cada uma dessas perguntas com orgulho. Obrigada à todos que nos acompanham e podem esperar que 2019 ainda sai um full!

Confira o EP e o videoclipe da banda nos links abaixo:

EP Eticamente Questionável
Videoclipe Eticamente Questionável

sexta-feira, março 29, 2019

::Resenha:: Disruption Path - Warped Sanity


Iniciar a caminhada com uma banda underground de metal extremo é sempre um desafio. Um desafio que passa pela euforia do início, a vontade de espalhar suas criações para todos os cantos e, obviamente por diversas dificuldades que uma banda de metal sempre passa. No entanto, algumas bandas nascem obstinadas, com um objetivo em foco e passam a impressão de que já nasceram prontas. O Disruption Path (Death Metal de Porto Ferreira, interior de São Paulo) se encaixa nesse grupo. Desde os primeiros shows aos quais tive o privilégio de assistir, a segurança, o entrosamento e o profissionalismo do quarteto paulista em cima do palco é palpável. Notadamente fazem o que gostam e se dão muito bem em sua proposta. A experiência dos músicos vem de passagens por diversas bandas, como Setharus, Maithung, Apocalipse Nuclear e Madness.

Uniram-se em 2015 e após conquistarem os bangers da região, abrem o ano de 2019 com seu primeiro registro, o EP "Warped Sanity". Lançado pela Extreme Sound Records, gravado e produzido no Estúdio Moby Dick por Alexandre Machanocker, o trabalho possui quatro composições autorais e pouco mais de quinze minutos de duração. A capa, que parece ter saído de um filme de terror estilo "O Chamado" ou "O Grito", é assinada por Rick Pinhão. 

"Waverly Hills" abre o trabalho com uma levada cadenciada e pesada, com uma pegada daquelas que te faz bangear sem perceber. Os bons riffs e as variações rítmicas ganham destaque cedo e o trabalho dos vocais e a linha de baixo deixam tudo mais denso e pesado. O repertório da percussão é muito bom também. A transição entre um andamento que chega a remeter ao Thrash Metal com blast beats e riffs mais velozes funcionam muito bem.

"Inside My Empire", divulgada no fim de 2018 na forma de um videoclipe apresenta diversas imagens da banda, em shows, ensaios e evidencia o bom relacionamento dos músicos nos bastidores, como gravações do EP, festas, etc. O vídeo pode ser visto aqui. A composição apresenta uma alma bem Death Metal e remete à obras da segunda metade da década de 90 do Malevolent Creation, por exemplo. Um compasso cadenciado é muito bem explorado com um pedal duplo fazendo um ótimo contraponto. A bateria também se destaca em um belo solo que funciona como ponte para uma quebra de tempo, onde as palhetadas dão as caras em riffs e solos muito bem construídos. 

"Hatred" despeja peso sem economia aos nossos ouvidos. A sonoridade do baixo se apresenta com imponência e deixa a faixa 'encorpada'. A faixa apresenta boa variedade de criação, utilizando diferentes aspectos que constroem uma obra completa. Ritmos arrastados que contrastam com blast beats, riffs abafados e pesados que harmonizam com palhetadas velozes e baixo e vocal dando aquela força na sujeira desejada.

Fechando o EP, a banda apresenta a faixa "Insane and Sick", primeira música deste trabalho divulgada para os fãs através de um Lyric Video. Com pedais duplos enérgicos e bases velozes, a essência Death Metal se sobressai. Insane and Sick é uma pedrada violenta que chama a atenção até do headbanger mais chapado do rolê. Música madura e muito bem construída, com técnica e emoção, apresentando até algumas passagens mais melódicas, com solos menos brutais. Talvez a melhor obra apresentada neste trabalho.

Apesar da técnica e domínio dos instrumentos, o Disruption Path não é uma banda que abusa da velocidade, destilando palhetadas e blast beats à velocidade da luz durante todo o CD. A banda tem essa capacidade, mas opta por explorar diferentes elementos, o que contribui para que seu som não soe limitado e demonstre criatividade e identidade. Todos os méritos à produção, que conseguiu captar com maestria toda a energia, vibração e envolvimento da banda em uma apresentação ao vivo. Resumidamente, se em um EP com quatro músicas, o estrago já foi grande, imagine quando vier um full-length? Já estamos no aguardo!

O EP está a venda no link abaixo:

Extreme Sound Records

Ouça online:

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