sexta-feira, março 29, 2019

::Resenha:: Disruption Path - Warped Sanity


Iniciar a caminhada com uma banda underground de metal extremo é sempre um desafio. Um desafio que passa pela euforia do início, a vontade de espalhar suas criações para todos os cantos e, obviamente por diversas dificuldades que uma banda de metal sempre passa. No entanto, algumas bandas nascem obstinadas, com um objetivo em foco e passam a impressão de que já nasceram prontas. O Disruption Path (Death Metal de Porto Ferreira, interior de São Paulo) se encaixa nesse grupo. Desde os primeiros shows aos quais tive o privilégio de assistir, a segurança, o entrosamento e o profissionalismo do quarteto paulista em cima do palco é palpável. Notadamente fazem o que gostam e se dão muito bem em sua proposta. A experiência dos músicos vem de passagens por diversas bandas, como Setharus, Maithung, Apocalipse Nuclear e Madness.

Uniram-se em 2015 e após conquistarem os bangers da região, abrem o ano de 2019 com seu primeiro registro, o EP "Warped Sanity". Lançado pela Extreme Sound Records, gravado e produzido no Estúdio Moby Dick por Alexandre Machanocker, o trabalho possui quatro composições autorais e pouco mais de quinze minutos de duração. A capa, que parece ter saído de um filme de terror estilo "O Chamado" ou "O Grito", é assinada por Rick Pinhão. 

"Waverly Hills" abre o trabalho com uma levada cadenciada e pesada, com uma pegada daquelas que te faz bangear sem perceber. Os bons riffs e as variações rítmicas ganham destaque cedo e o trabalho dos vocais e a linha de baixo deixam tudo mais denso e pesado. O repertório da percussão é muito bom também. A transição entre um andamento que chega a remeter ao Thrash Metal com blast beats e riffs mais velozes funcionam muito bem.

"Inside My Empire", divulgada no fim de 2018 na forma de um videoclipe apresenta diversas imagens da banda, em shows, ensaios e evidencia o bom relacionamento dos músicos nos bastidores, como gravações do EP, festas, etc. O vídeo pode ser visto aqui. A composição apresenta uma alma bem Death Metal e remete à obras da segunda metade da década de 90 do Malevolent Creation, por exemplo. Um compasso cadenciado é muito bem explorado com um pedal duplo fazendo um ótimo contraponto. A bateria também se destaca em um belo solo que funciona como ponte para uma quebra de tempo, onde as palhetadas dão as caras em riffs e solos muito bem construídos. 

"Hatred" despeja peso sem economia aos nossos ouvidos. A sonoridade do baixo se apresenta com imponência e deixa a faixa 'encorpada'. A faixa apresenta boa variedade de criação, utilizando diferentes aspectos que constroem uma obra completa. Ritmos arrastados que contrastam com blast beats, riffs abafados e pesados que harmonizam com palhetadas velozes e baixo e vocal dando aquela força na sujeira desejada.

Fechando o EP, a banda apresenta a faixa "Insane and Sick", primeira música deste trabalho divulgada para os fãs através de um Lyric Video. Com pedais duplos enérgicos e bases velozes, a essência Death Metal se sobressai. Insane and Sick é uma pedrada violenta que chama a atenção até do headbanger mais chapado do rolê. Música madura e muito bem construída, com técnica e emoção, apresentando até algumas passagens mais melódicas, com solos menos brutais. Talvez a melhor obra apresentada neste trabalho.

Apesar da técnica e domínio dos instrumentos, o Disruption Path não é uma banda que abusa da velocidade, destilando palhetadas e blast beats à velocidade da luz durante todo o CD. A banda tem essa capacidade, mas opta por explorar diferentes elementos, o que contribui para que seu som não soe limitado e demonstre criatividade e identidade. Todos os méritos à produção, que conseguiu captar com maestria toda a energia, vibração e envolvimento da banda em uma apresentação ao vivo. Resumidamente, se em um EP com quatro músicas, o estrago já foi grande, imagine quando vier um full-length? Já estamos no aguardo!

O EP está a venda no link abaixo:

Extreme Sound Records

Ouça online:

Deezer
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Spotify

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