segunda-feira, junho 26, 2017

::Resenha:: Ruins of Elysium - Seeds of Chaos And Serenity


Após o ótimo EP "Daphne", lançado em 2016, a banda Ruins of Elysium retorna pouco tempo depois com o seu principal registro até aqui. O épico "Seeds of Chaos And Serenity", seu primeiro álbum full-length. Com mudanças consideráveis na formação desde o lançamento do EP, este novo trabalho foi gerado por um trio. Vincenzo Avallone (guitarra e baixo), Icaro Ravelo (bateria e teclado) e Drake Chrisdensen (tenor). A capa traz uma arte linda e muito bem elaborada, com elementos muito interessantes, concebida pelo artista Wesley Souza. 

"Seeds of Chaos And Serenity" aborda diversos temas em suas letras, tais como astrologia, problemas sociais, a causa LGBT, games, cultura geek, etc. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.

“Kama Sutra” dá início ao metal sinfônico com uma introdução tipicamente indiana, com o som de Sitar e vozes agudas que lentamente transformam-se em um heavy metal galopante e uma presença notável do teclado, como é de se esperar no estilo. Logo surge o maior diferencial da banda, a voz do tenor Drake, com um timbre vocal que complementa e se encaixa em um estilo tradicionalmente composto por vozes agudas e/ou femininas. A inserção de uma voz de música clássica não soa forçada e o resultado é muito bom. Ainda na faixa de abertura, há um interessante trabalho da cozinha, que lidera o ritmo, com quebras de tempo e trechos cadenciados.

“Shadow of The Colossus”, com quase nove minutos de duração é uma canção homônima ao jogo lançado em 2005. Abordando games em sua letra, a introdução da música parece até mesmo retirada de um jogo ou de um filme do estilo. Aqui a banda cede espaço para o vocal se destacar em um clima mais calmo. A música tem um início compassado para depois seguir com pedais duplos marcantes. Um ótimo trabalho dos vocais, onde Drake alcança notas mais altas e uma bela passagem dos teclados criando uma ponte para uma levada bem trabalhada e pesada.

“Serpentarius” é o single lançado este ano. Com bases de guitarra pesadas e um refrão marcante, possui também um ótimo solo de guitarra acompanhado de pedais duplos muito velozes e um coro que se destaca e fica na cabeça por muito tempo depois de ouvir o álbum.

Em seguida vem uma das faixas mais pesadas de todo o álbum, se não A mais pesada. “Beyond The Witching Hour” é uma música rápida, bem trabalhada e muito empolgante com riffs na linha heavy metal e que pegam na veia, acompanhados de uma bateria certeira e novamente notas altas do vocalista. Em um trecho mais lento da música, há um casamento muito interessante entre teclado, cordas e pedais duplos. Contrastando com esse momento, a bateria acelera, em um blast beat acompanhado de vocais mais agressivos e rasgados. Mais uma ótima composição do álbum.

“Iris” funciona como uma bela introdução para a faixa “Birth of a Goddess” que tem um começo muito interessante, atingindo um clímax logo no início e combinando muito com o tema “nascimento de uma deusa”, como uma trilha sonora. Destaque para um riff bem trabalhado e para o teclado que constrói uma atmosfera perfeita para a proposta da música. O vocal somado à cozinha também oferecem um resultado muito bom. A parte sinfônica, que é a essência da banda, fica muito evidente nesta faixa.

Finalizando o álbum, vem a tão comentada ‘faixa de 40 minutos’. Essa é a faixa título, “Seeds of Chaos And Serenity” que foi dividida em cinco faixas. Assim sendo, cada uma é como um “ato” que, unidas formam uma obra grandiosa sob os subtítulos “Crystal”, “Black Moon”, “Infinity”, “Dreams” e “Stars”. Certamente é o grande momento do trabalho como um todo. A Ruins of Elysium faz aqui, o uso de todos os elementos disponíveis, oferecendo uma incrível variedade musical, com uma alta dose de criatividade, tornando essa composição um material muito rico, completo, fugindo do óbvio em muitos momentos. É interessante ressaltar também que, mesmo sendo leais e mantendo a essência dos trabalhos anteriores, e apesar do pouco tempo desde o lançamento de “Daphne”, a banda demonstra uma notória evolução musical e criativa. A ótima interação entre banda e produtor é palpável nessas cinco faixas, explorando diversos momentos de acordo com cada necessidade. Velocidade, técnica, fôlego, experiência, paixão e alma. Tudo isso foi empregado neste trabalho. Seeds of Chaos And Serenity é um registro incrível de uma banda que está nitidamente fazendo o que gosta e depositando sangue, suor e lágrimas em um projeto que já deu certo. E muito.

Para ouvir o álbum, acesse uma das plataformas abaixo:

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