terça-feira, novembro 20, 2018

::Resenha:: Hutt - Apocalipster

Hutt - Apocalipster

Após dezessete anos levando a expressão música extrema ao pé da letra, o Hutt surge com seu terceiro álbum. Intitulado de "Apocalipster", o trabalho foi lançado pela Black Hole Productions. Fundada em 2001 na capital paulista, a banda executa um grindcore aliado ao death metal, unindo criatividade, bom humor, críticas político-sociais e muita agressividade. O álbum foi gravado e mixado no Estúdio Datribo por Ciero e André Stuchi entre 2014 e 2017 e masterizado por William Blackmon. Tanto a capa quanto toda a arte visual do CD remetem à quadrinhos. Não por acaso, pois de acordo com informações no encarte, as imagens foram "gentilmente surrupiadas de Revista Calafrio Edição de Colecionador 1989 e Mestres do Terror 53 (Editora de Arte). Almanaque de histórias satânicas (Editora Taika) e Cripta do Terror Edição 1,2,3 (Editora Record). 

No melhor espírito grind, Apocalipster apresenta 25 faixas e 26 minutos de duração, onde a faixa mais curta possui 12 segundos e a mais longa exatos 2:01. No entanto, quem foi que disse que música boa precisa ser longa? Aqui o papo é direto e reto, sem tempo para firulas. Se você está procurando por violência sonora sem virtuosismos, você encontrará aqui. 

O timbre da guitarra é grave e a cozinha evidencia essa característica inserindo ainda mais peso à sonoridade. Palhetadas velozes encaixadas em blast beats desenfreados na trilha sonora do caos. Os vocais fazem uma parceria insana com um tradicional e grave gutural e um urrado mais agudo que beira ao desespero. 

Além das principais características, que são a velocidade e a brutalidade, em alguns momentos o Hutt também encaixa levadas e grooves, igualmente pesados, que soam de maneira coesa e natural, como nas faixas "AUSC" (Andarilho Uruguaio Sem Cabeça), "Nasceu Pra Ser Inglês" (que tem um dos baixos mais pesados e sujos de todo o álbum), "Fume", "Seja Bem Vindo Ao Circo", dentre outras. 

"Serão os Esquimós Índios em Iglus?" (o melhor título dentre as músicas do álbum) é a já mencionada faixa mais curta com doze segundos de duração e funciona como uma introdução para "Carimbador", uma das mais extremas e pesadas obras do CD. O riff inicial é propositadamente muito parecido com o da anterior, mas essa não economiza nos blast beats e berros guturais, além de envolventes palhetadas cadenciadas e abafadas. 

A décima terceira faixa leva o nome da banda e é pura e simplesmente uma tiração de sarro entre os integrantes, mas que nem por isso deixa de ser brutal. 

"Eldorado" é uma das mais longas e trabalhadas de Apocalipster, fazendo uso de elementos não tão explorados, que levam esta composição mais para o lado do metal do que do grindcore propriamente dito, como levadas em pedais duplos e a própria construção e evolução da mesma.

Além da destruição musical presente de cabo a rabo nas 25 músicas deste full-length, o Hutt proporciona reflexão com algumas críticas e risadas em outros momentos. Algumas narrações, como  uma antiga e cômica reportagem sobre "metaleiros" durante o início do governo de Tancredo Neves como uma introdução para "Desempregrind" (outro ótimo título), um hilário "cês canta muito gritado..." nos últimos segundos de "Shurimburi" e um trecho retirado da música "Delegado Lobo Negro" da desconhecida dupla Léo Canhoto e Robertinho no início e no fim de "Tiro e Teco". 

Resumidamente, Apocalipster é um álbum bem produzido, extremo, pesado, veloz, pegado e divertido (!!) de se ouvir e como grande parte dos álbuns de grindcore, seu maior defeito é chegar ao fim tão rápido. 

O álbum está disponível para venda com a Black Hole Productions nos link abaixo:

Versão física:

e-mail
Versão digital:

Bandcamp Black Hole

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