sexta-feira, novembro 23, 2018

::Resenha:: Dysnomia - Anagnorisis

Dysnomia - Anagnorisis

Dois anos após o lançamento do excelente álbum de estreia Proselyte, os são carlenses do Dysnomia retornam em grande estilo com Anagnorisis. Produzido pela própria banda e por Gabriel do Vale. Gravado, mixado e masterizado no Nova Estúdio em Araraquara-SP também por Gabriel do Vale. Quem assina o belíssimo trabalho de capa e de arte visual é o artista Carlos Fids da Artside Studio. 

Anagnorisis marca o primeiro trabalho do Dysnomia com o guitarrista Fabricio Pereira e evidencia a banda em seu auge (até aqui). As composições e a produção mostram evolução e uma clara preocupação com músicas mais técnicas, sem nunca abandonar o peso e o feeling característicos dos paulistas, que tiveram enorme importância em ótimas faixas do "Proselyte". 

O entrosamento (especialmente entre as duas guitarras) é algo palpável e natural. Fabricio encaixou no line up como a última peça do quebra-cabeça. Em diversas passagens, os músicos apostam em bases mais melódicas, fazendo contrapontos muito bons à agressividade  e criando boas variações rítmicas que enriquecem a identidade do Dysnomia. O vocal rasgado de João está ligeiramente diferente. Érik em absoluto controle de seu instrumento, despeja blast beats e pedais duplos de maneira inteligente e em perfeita harmonia com o pesado baixo de Denilson. Todas as faixas são grandes composições, mas destaco "Anagnorisis", que, sem dúvidas merece abrir o álbum e 'batizá-lo', "Vorax Chronos", "The Fall of Phaethon" (que ganhou Lyric Video no fim do ano passado), "Library of Babel" e "Sertões", com violões e arranjos de guitarra que realmente remetem à cultura nordestina, além de uma citação de Patativa do Assaré. Talvez a minha preferida de todo o trabalho. A produção captou perfeitamente peso, técnica, vibração e brutalidade da banda. O resultado final entrega uma sonoridade excelente, sem comprometer o metal extremo executado. Para acompanhar a musicalidade, as letras seguem o mesmo padrão de qualidade. Aqui não tem nada escrito de qualquer jeito, letras juvenis ou forçadas. A conversa é com quem sabe sobre o que está falando. Mitologia, religião, questionamentos e liberdade abordados de maneira inteligente e filosófica. O que torna Anagnorisis um disco ainda mais complexo e completo. 

Proselyte foi o álbum que, junto à primeira apresentação que assisti da banda, me tornou fã de seu trabalho. Por esse motivo, tive uma certa relutância em escrever essa resenha pelo receio em acabar fazendo uma comparação entre os dois álbuns. No entanto, Anagnorisis não pode ser colocado como melhor ou pior do que o primeiro full-length. É a continuação da história de uma banda com incrível potencial para figurar entre os principais nomes do metal nacional. Sem exageros e justiça seja feita, não vejo o Dysnomia em outro lugar que não seja este. A essência mantém-se a mesma, mas a criatividade e a forte identidade se sobressaem, o que faz com que seja um álbum diferente e com o mesmo nível de qualidade. Soa como deve soar, superando as expectativas de fãs e críticos e galgando um lugar entre os melhores trabalhos nacionais do ano. Ao menos na opinião deste que vos escreve.

O álbum está disponível nas versões digital e física nos links abaixo:

Versão física:


Versão digital:

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