sexta-feira, abril 06, 2018

::Resenha:: Crystal Lake - Death Row

Crystal Lake - Death Row (2018)

Onze anos se passaram desde o lançamento de seu primeiro álbum "Terror Machine", em 2007, que conquistou boa aceitação do público e da mídia headbanger. A banda, formada em 1999, teve uma pausa que durou 6 anos entre 2010 e 2016. No retorno, uma mudança na formação, com a entrada do baixista Guilherme Brito e uma nova injeção de ânimo nos demais integrantes, que gravaram o debut-album e estão há anos espalhando o Thrash Metal Brasil afora. Os irmãos Haroldo e Heraldo Habermann, vocalista e baterista respectivamente, e Murilo Januário completam o quarteto metal lemense. 

"Death Row" é o nome do novo álbum do Crystal Lake. Gravado e produzido no Estúdio dB em Leme-SP por Daniel Bonfogo (baixista do Claustrofobia) e pela banda. A bela capa, que trás um condenado fritando em uma cadeira elétrica, foi criada pelo artista, também do interior de São Paulo, Wildner Lima.

Sem mais delongas, "In Your Eyes" começa como um soco certeiro na cara, despejando a gana da banda de imediato. Belo começo de música. Vocal e instrumental caindo na pancada ao mesmo tempo. Thrash Metal em sua essência, com uma pegada rápida e pesada. A bateria dita levadas enérgicas e cadenciadas, quebrando o tempo e tornando a composição mais interessante. O peso e a distorção do baixo se fazem muito presentes durante um solo de guitarra que nos remete à clássicos do heavy e thrash metal. 

"Devil or God" é a faixa que ganhou um Lyric Video em fevereiro deste ano. A letra da música é composta apenas de declarações de serial killers logo antes de serem executados. A faixa tem um início mais cadenciado e acelera para uma pegada mais agitada. Destaques para algumas passagens da guitarra e do trabalho do vocal. Mais uma vez o ritmo aumenta e certamente as rodas devem ser abertas neste momento nos shows do Crystal Lake. Uma típica levada que empurra até os mais cansados para a pancadaria saudável do undeground. A cozinha também merece destaque pela linha marcante, ditando o progresso da música com muito feeling. 

A faixa "Driven" tem a participação do jovem guitarrista lemense, Leonardo Pais e talvez seja uma das que mais se assemelham às composições do Terror Machine. Embora, musicalmente a essência da banda seja a mesma, há uma evolução e novas ideias no novo trabalho. "Driven" conta com passagens aceleradas com boas aparições da percussão e um compasso arrastado e abafado pra agradar aos fãs da nova e da velha escolha do Thrash Metal. 


"I Am Terror" tem um início marcante, com guitarras que remetem ao Sepultura dos anos 90. Algo entre Chaos A.D. e Roots. A passagem inicial é bastante empolgante e mais uma vez os vocais se empenham para expressar a violência das letras, algo que transborda também para o instrumental. Nesta faixa, o entrosamento da banda fica bem evidente. As cordas da guitarra e do baixo tem um trabalho muito interessante, com passagens em que um complementa o outro, criando um resultado pesado e coeso. O título cantado a plenos pulmões é mais uma boa passagem desta composição. 

A quinta obra deste CD, "Another Hunt" é, talvez, para este que vos escreve, o ponto alto de Death Row. Com ruídos de um assassino se preparando para mais uma caçada, bateria e baixo abrem as portas para um som com groove unido à um riff enraizado no verdadeiro Thrash Metal. Com uma levada envolvente e um dos riffs que mais se destacam, a faixa tem uma cozinha pra lá de pesada com a sonoridade do baixo preenchendo todo o ambiente. 

A faixa "Blood Covered" teve a participação de Marcus D'angelo (Claustrofobia). A parceria deu muito certo, pois a voz do integrante do Claustrofobia casou perfeitamente à sonoridade da composição, que tem riffs e timbres pesados. O contraste com o vocal de Haroldo em partes do refrão funcionou muito bem também.

Em "Fallen", o refrão evidencia a versatilidade alcançada por Haroldo neste álbum, com variações dos vocais, que acrescentam mais às criações da banda. O andamento da música segue uma levada cadenciada e até arrastada em alguns trechos. Os solos de guitarra são muito bem construídos e encaixados nesta música. 

"Runaway" fecha o álbum com uma pedrada thrash incansável. A guitarra cria um clima de expectativa para um dos melhores grooves do álbum, com uma vibração contagiante e, de forma natural, a agressividade também ganha espaço na faixa. Difícil escolher o melhor som de Death Row, mas com certeza "Runaway" foi uma ótima escolha para fechar o álbum.


Como dito anteriormente, a essência deste novo CD é a mesma apresentada em Terror Machine, com  a vantagem de um belo crescimento musical. Além disso, a qualidade da produção é notável. Muito empenho e dedicação para um ótimo resultado final. Nos últimos segundos deste full-length, um amigo de longa data da banda define muito bem a obra e no melhor estilo interiorzão de São Paulo: "Fudido né rapai?"

Death Row está disponível para audição online em todas as plataformas digitais. Confira algumas abaixo: 

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