terça-feira, setembro 18, 2018

::Resenha:: Drowned - 7TH


Vinte e quatro anos de metal, inúmeras turnês, diversos trabalhos consagrados e o sétimo álbum lançado. Intitulado justamente como "7TH", o Drowned acaba com o silêncio de seis anos sem o lançamento de um novo trabalho e retorna em grande estilo. Gravado entre outubro e dezembro de 2017 em Belo Horizonte-MG, a mixagem e a masterização ficaram a cargo do guitarrista Marcos Amorim, enquanto o design e a arte gráfica do álbum foram responsabilidades do vocalista Fernando Lima. O álbum, como um todo, passa a sensação de uma banda sob mudanças, em busca de uma identidade mais "clean", na ausência de um termo melhor. Encarte, digipack e até mesmo o novo logo (que também foi criado pelo vocalista) passam essa sensação, que acaba transbordando também para a parte musical. Aliás, a parte gráfica merece uma menção à parte, pois o encarte é bastante diferenciado, com ótimas fotos e imagens e até mesmo a forma como as letras das músicas foram dispostas chamam a atenção. 

Composto por 11 faixas e mais de 46 minutos, a parte técnica e criativa parecem ter sido prioridades durante a elaboração da nova obra. A sonoridade da parte instrumental segue basicamente a mesma linha dos últimos trabalhos, mas há uma notável diferença nos vocais, inclusive com a inclusão de vocais mais limpos.

"The Bitter Art of Detestation" inicia os trabalhos. Uma música bem desenvolvida, com bastante trabalho da bateria, quebrando o tempo em passagens interessantes, afinação pesada das guitarras que inserem ótimos grooves a linha vocal é muito bem executada e o refrão dá um bom contraponto, com coros em vozes e instrumentos mais limpos. A voz de Fernando soa um pouco diferente de outros trabalhos sim, mas é notável que o vocalista tem total controle da técnica. O timbre casou muito bem com a musicalidade da banda.

"Rage Before Some Hope" é o single divulgado no início deste ano. Com guitarras e cozinha pesadas e riffs com belas pegadas, o trabalho do vocalista é admirável, dado à sua versatilidade, pois apresenta vocais limpos em bons coros apresentados no refrão e rasgados/agressivos, como o longo berro que encerra a música.

"Toothless Messiah" tem um início bem heavy metal, mas o pedal duplo e o vocal gutural logo surgem, injetando mais peso na composição. Nesta faixa, ficam evidentes alguns experimentos da banda, apostando em elementos que denunciam uma sonoridade mais moderna, distanciando-se do  do metal extremo que era mais presente no início da carreira.



"Murder, Sex Hate And More" é uma das mais pesadas do álbum e tem passagens interessantes, lembrando um pouco de metal progressivo, com belas linhas de baixo, destacando-se dos outros instrumentos. Há uma estrutura bem bacana da bateria, bons solos das guitarras e riffs com mais melodias.

Com boas críticas sociais, "Violent March of Chaos" é uma música contra ditadores e um chamado pelo enfrentamento popular contra um sistema falido enquanto "Epidemic and God Selfishness" aborda o egoísmo, intolerância e opressão que tomam conta da sociedade nos últimos tempos. Essa faixa, a sétima música do sétimo álbum, tem uma atmosfera que casa bem com a letra. Boas levadas cadenciadas guiadas pelas guitarras e até algumas linhas de vocais mais agudos, saindo de uma possível zona de conforto do vocalista.

"Elitist Heaven Ruled By Devil" tem talvez o refrão mais marcante do álbum, com a união de vozes graves limpas e guturais, trazendo um resultado muito harmonioso. Com pouco mais de três minutos, a faixa mais curta do álbum traz boas melodias e solos mais trabalhados, além de uma percussão que se impõe em diversos momentos em mais uma obra muito boa.

"KRH317" tem um início pesado dando espaço para um pequeno solo de baixo que desfila seu belo e grave timbre em notas curtas que preenchem o ambiente. Uma composição com participação intensa de todos os músicos e por consequência, muito rica em elementos apresentados.

"Ministry of National Inquisition" é o ato final do novo álbum dos mineiros. Com uma levada cadenciada, mais uma vez o baixo se destaca com sua boa sonoridade. Além da variação dos vocais, a banda insere alguns efeitos nas vozes de Fernando e, rápidos riffs constroem a essência dos ápices da música. As guitarras também são destaque em arranjos melódicos na reta final da música.

7TH é um trabalho audacioso, que surpreenderá os fãs e talvez não agrade os mais conservadores de imediato. A banda certamente ofereceu uma nova proposta neste álbum e embora a essência seja a mesma, a utilização de novos elementos lhes deu uma nova sonoridade e até uma nova cara. No entanto, (com o risco de soar contraditório) ao analisar a carreira do Drowned, a sonoridade e a criatividade alcançada neste novo álbum parecem ser uma espécie de evolução natural de seu som, pois há sim similaridades entre o "7TH" e o "Butchery Age", por exemplo. Os músicos estão criativamente maduros, com uma identidade muito bem definida e as novas experiências culminaram em um grande resultado final. Este é, possivelmente, o álbum mais complexo da carreira e que seguramente vale a pena conferir.


O álbum está disponível para audição online e para compra nos links abaixo:

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Cogumelo Records

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