quinta-feira, julho 22, 2021

::Resenha:: Hauser - Cinza

Hauser - Cinza (2020) - Black Hole Productions

Da cidade de Jaraguá do Sul, interior de Santa Catarina, surge o HAUSER. Banda formada no ano de 2007 com Death Metal, Grindcore e Hardcore em sua bagagem. Após lançar um full-length, dois EPs e um single, os catarinenses chegam ao segundo álbum no ano de 2020, intitulado "Cinza". 

Lançado pela Black Hole Productions, o álbum teve a bateria gravada por Nathan Ricardo no estúdio Tora, na cidade natal da banda. Os vocais, guitarras e baixo foram gravados no Home Studio da Hauser, também em Jaraguá do Sul. Mixagem e masterização ficaram a cargo de William Blackmon, no estúdio The Overlook em Gävle, na Suécia. A arte é assinada por Roger Loss e a foto da banda no CD é do fotógrafo Raphael Günter. O álbum conta com 10 faixas autorais e pouco mais de 21 minutos de duração. 

Em 2016, fiz a resenha do excelente EP "Processo Bokanovsky", cujo nome faz referência ao clássico "Admirável Mundo Novo" de Audous Huxley. O EP, que contava somente com duas faixas, é visceral e direto ao ponto. Em "Cinza", a banda aposta num lado mais sombrio, mas sem deixar a violência sonora de lado. O título do álbum cai como uma luva nas composições, pois traz uma atmosfera mais densa, explicitada tanto na sonoridade quanto nas letras (todas em português), que retratam o momento que o mundo e principalmente o Brasil vem atravessando, com uma abordagem bastante interessante, passando longe de letras carimbadas ou clichês sobre ganância, religão, opressão., etc. Sim, problemas sócio-político-religiosos estão presentes, mas com uma roupagem própria da banda. 

O ponto principal em "Cinza" é o amadurecimento e/ou evolução (por falta de termos melhores) no som da banda. As composições estão mais concisas, até mais técnicas e tem um quê de grindcore brasileiro na essência (especialmente na "malocagem criativa" da bateria), remetendo à nomes como Facada e Expurgo. A produção do álbum é muito justa com a obra, fazendo tudo soar nítida e profissionalmente. Quando o som é extremo com palhetadas e blast beats insanos e um som grave como um todo, a produção tem bastante trabalho para que somente a banda sobressaia e, tanto a captação do som, quanto mixagem e masterização, estão de parabéns, pois a cria pôde ser apresentada da maneira adequada. Em todo o álbum a banda esbanja um vocal gutural intenso e raivoso, mas fácil de entender (ao menos dentro do contexto do death/grind), palhetadas ensandecidas/riffs rápidos e sujos e uma cozinha que deixa tudo mais pesado e violento. 

As transições do Death Metal/Hardcore/Grindcore fluem com naturalidade entre as 10 faixas e nada soa forçado. Blast beats, quebras de tempo e levadas arrastadas empolgam na mesma intensidade e fica difícil destacar uma ou outra música, pois todas são coesas com a proposta da banda e encaixam perfeitamente no full-length. No entanto, com o risco de soar incoerente, as faixas que mais me chamaram a atenção foram "Mar de Árvores", "Transgride/Destrói", "Erro" e "Ato de Jurar". 

"Cinza" é uma obra muito bem trabalhada, com sentimento palpável, atenção à todos os detalhes, como parte visual, com uma arte quase minimalista, traduzindo a proposta direta e sem atalhos do Hauser, e com composições bem produzidas e criativas em um gênero difícil de se destacar. 

Adquira o álbum ou ouça no link abaixo:

BLACK HOLE PRODUCTIONS

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