quarta-feira, agosto 08, 2018

::Resenha:: Funeratus - Accept The Death



Uma das mais tradicionais e mais respeitadas bandas underground do metal extremo, o Funeratus ressurge com um novo trabalho. E a espera dos fãs por este álbum foi longa. 14 anos, para ser mais exato, é o intervalo entre o "Echoes In Eternity" e o atual "Accept The Death". Neste intervalo, no entanto, a banda lançou o EP "Vision From Hell" em 2009, contando com três músicas. No entanto, toda essa espera só fez bem à banda, que manteve-se unida, ganhando experiência de sobra para compor um álbum de qualidade ímpar. Alerta de spoiler: Accept The Death é uma das obras mais fenomenais e viciantes dos últimos tempos do Death Metal nacional, como irei discorrer mais abaixo. 

A bateria foi gravada no Sete Studio por Fabio Dias em Guaxupé-MG, enquanto guitarras, baixo e vocais foram gravados no Joca Miquinioti Studio por Joca Street em Mococa-SP. O trabalho foi produzido por Joca e pelo Funeratus e a mixagem e masterização foi feita no Stage One Studio (Alemanha) por Andy Classen que já trabalhou com bandas como Rotting Christ, Tankard, Krisiun, Destruction, dentre outros grandes nomes. A belíssima parte visual, com destaque pra ótima capa, ficaram a cargo de Alcides Burn. 

Sem mais delongas, "Accept The Death" inicia-se com a faixa-título e o retorno da banda vem com uma cavalgada imponente com todos os instrumentos soando limpos e pesados e o vocal gutural de Fernando dando o toque final ao Death Metal tradicional executado pelo trio. Os blast beats de "Guru", encaixados com maestria nos rápidos riffs de André, aceleram a passada de forma natural, coisa de quem vivencia o gênero há tanto tempo. A quebra de tempo com uma levada mais cadenciada somada ao refrão repetido a plenos pulmões fecham a construção de uma grande composição. Em abril essa faixa ganhou um videoclipe, conforme noticiamos neste blog (Funeratus Lança Videoclipe).

Letra e arranjos de "Rise And Fall Again" tem um poder bélico. Uma música com riffs pegajosos e que causam impacto logo na primeira audição, repleta de velocidade e agressividade, sem descanso à cordas e percussão, atendendo aos principais "requisitos" do metal da morte. Fernando destila um vocal ainda mais grave, demonstrando variedade em seu repertório. O refrão evidencia o título da obra e é fácil imaginar os fãs cantando junto à banda com punhos cerrados no ar. Essa é outra faixa que ganhou um vídeo para sua divulgação. No início deste ano, o Funeratus divulgou um lyric-video para esta composição. Confira o trabalho aqui

"Asphalt Eaters" já fazia parte do repertório dos shows da banda há algum tempo e apesar de ser rápida e pesada, possui uma veia rock n' roll em sua essência. O baixo pesado e distorcido de Fernando com o solo na introdução deixa claro o que vem pela frente. O dinamismo e a naturalidade da cozinha, veloz e coesa, as bases e os solos da guitarra e a letra sobre cair na estrada com um excelente refrão fazem desta música um dos pontos altos do CD. A temática somada à execução fazem desta música uma espécie de "Born To Be Wild" do metal extremo. 

"Lost Souls" e "Indian Healing" vem a seguir, mantendo a mesma técnica, pegada e brutalidade, com uma qualidade inquestionável. "Indian Healing", assim como "Vision From Hell" integraram também o EP lançado em 2009. 



"Follow The Track" é a mais longa das nove criações que compõem este álbum e certamente merece um lugar de destaque. Mais um dos pontos altos  de "Accept The Death". É uma música muito rica, versátil, composta de diversos elementos e que foge do comum. Palhetadas e blast beats, distribuídos furiosa e intensamente, pavimentam a estrada da brutalidade. Perto dos três minutos, o ritmo despenca para o surgimento de uma ótima atmosfera guiada pela distorção do baixo e que funciona de forma impecável nos shows, atraindo a atenção até dos bangers bêbados e caídos pelos cantos. Quando o ritmo acelera de novo, guitarra e bateria ressurgem como metralhadoras em trincheiras. "Follow The Track" é um dos exemplos de como o tempo de espera por este álbum valeu a pena. 

Com praticamente a mesma duração da faixa anterior, a banda segue com "Victory", que é a essência do gênero adotado pelo trio paulista. Com riffs que remetem ao início de sua própria carreira, assim como de tradicionais bandas de death metal, nota-se uma influência do old school aqui. O refrão e a percussão tem maior destaque nesta música.

"Vision From Hell" ganhou uma introdução sombria criada por Fabio Laguna que deixa tudo ainda mais obscuro. Mais uma vez a veia do 'true death metal' se faz presente. Com riffs rápidos, levadas cadenciadas que empolgam e bons trabalhos vocais e solos. Assim como em "Indian Healing", foi uma boa escolha da banda regravar também "Vision From Hell, dando a oportunidade aos novos fãs de conhecerem essas faixas lançadas em formato de vinil no EP de 2009. 

Fechando o álbum, a banda escolheu a faixa instrumental "Endless Battle", que é uma síntese de todo o álbum. Uma faixa pura e simplesmente metal. Mesmo com a ausência de uma letra, pode-se usar facilmente esta composição para apresentar o Funeratus para alguém, pois praticamente todos os elementos que são muito bem explorados pela banda se fazem presentes aqui, assim como os rápidos riffs e blast beats que em alguns trechos nos remetem ao grandioso "Apocalyptic Revelation" do Krisiun.

Por fim, o terceiro full-length do Funeratus é certamente uma das grandes conquistas de sua longa carreira. Um trabalho em que os músicos podem deixar a modéstia de lado, pois sabem que criaram algo único. 

Abaixo o link para audição do álbum:

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