quarta-feira, maio 10, 2017

::Resenha:: Hatefulmurder - Red Eyes


Se aproximando de uma década de agressividade sonora, o Hatefulmurder (Death/Thrash Metal do Rio de Janeiro-RJ) lançou em março deste ano, seu segundo álbum, intitulado "Red Eyes" através da gravadora inglesa Secret Service Records. O álbum foi gravado no Estúdio Casa do Mato na cidade natal da banda, mixado e masterizado pelo produtor João Milliet (Angra, Gloria e Raimundos) e é o primeiro álbum com a nova vocalista, Angélica Bastos. A capa, muito bem elaborada, apresenta um conceito muito interessante e até foge um pouco dos padrões do metal extremo, com um visual quase "clean". Fundo branco, com diversos elementos conhecidos da cultura dos homens, como adaptações do "Olho da Providência", "Homem Vitruviano", a Ouroboros, serpente que morde a própria cauda, dentre outras coisas. A arte ficou a cargo do grego Orge Kalodimas - Saketattoocrew. 

O trabalho conta com pouco mais de meia hora de pancadaria muito bem executada. "Silence Will Fall" já dá as caras distribuindo toda a qualidade das guitarras em um riff rápido, acompanhado por uma cozinha pesada. O vocal agudo e rasgado surge no nível certo de agressividade na interpretação da letra. O timbre da voz certamente é outro, mas a nova roupagem que a banda ganhou lhe caiu perfeitamente. 

A faixa-título do trabalho é também um dos maiores destaques, com um refrão cativante, que com certeza deve contar com a participação do público em um coro poderoso. Com arranjos galopantes, essa música segue mais na linha thrash metal, com pedais duplos e ótimas quebras de ritmos ditando o andamento da música. O guitarrista Renan Ribeiro aparece com backing vocals limpos, fazendo um contraste interessante com o gutural de Angélica. 

"Riot" também tem uma veia mais thrash metal, com a bateria certeira, trilhando um caminho rápido e pegado, onde a guitarra também se desloca em um riff muito metal e tradicional. O peso do baixo não passa despercebido, encorpando a composição. Mais uma vez a banda aposta em um refrão marcante. Até dá pra imaginar banda e público com os punhos erguidos cantando "Riot, Riot, Riot. Against it all..". Excelente faixa. Uma das melhores e mais empolgantes do CD.


"Time Enough At Last" presenteia o headbanger com o dobro da agressividade nas cordas vocais, pois ninguém mais, ninguém menos que Mayara Puertas, vocalista do Torture Squad, une-se ao Hatefulmurder para juntar duas incríveis vozes do metal nacional e o resultado não poderia ser nada menos do que excelente. Com uma das faixas mais "na cara" de todo o trabalho, sem tempo a perder, o metal é despejado em doses cavalares nos ouvidos dos fãs. Mais uma vez com um refrão marcante (que facilidade dessa banda em compor bons refrões). 

"My Battle" é, talvez a faixa mais diferente do restante do álbum. O peso, a velocidade e a agressividade, obviamente, estão presentes, mas há também passagens mais cadenciadas e uma presença mais notável dos vocais limpos, o que, provavelmente faz com que a faixa destoe um pouco das demais. Longe de ser algo negativo, a música é sim muito boa, com riffs bem construídos e uma presença de destaque para o baixo e seu peso.

Com levadas cadenciadas muito boas, "You're Being Watched" não deixa a peteca cair com trabalhos muito bons dos vocais e com uma bateria ora compassada, ora acelerada na medida certa. 

Fechando este, que certamente se destacará entre os melhores álbuns nacionais de 2017, a banda executa "Creature of Sorrow". Uma das músicas mais pesadas, onde todos parecem se empenhar nesse aspecto. Um vocal gutural dos mais hostis é apresentado aqui, bateria agredida sem misericórdia e guitarra e baixo entornando notas violentas. A música mostra também uma boa diversidade, já que possui momentos mais melódicos e virtuosos.

Produção musical e arte visual impecáveis, músicos entrosados, criativos e com sangue nos olhos, resultando em um trabalho incrível. "Red Eyes" é sem dúvidas um dos melhores álbuns de metal nacional composto nos últimos anos. 

Se ainda não ouviu, escolha abaixo uma das plataformas onde o petardo está disponível e se já ouviu, nunca é demais.

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