Scalped - Manufactured Existence Obsolence (2019) |
Após um ano de silêncio no blog, lentamente retornamos aos
trabalhos.
E a escolha para marcar esse retorno,
parece um tanto acertada. Para contrapor ao período de estagnação desse meio de
comunicação, escolho um álbum com um verdadeiro poder bélico. Manufactured
Existence Obsolence é o segundo álbum dos mineiros do SCALPED. Quem acompanha a
banda, sabe a avalanche que foi seu debut-album, “Synchronicity of Autophagic
Hedonism” e, portanto, a missão de lançar um sucessor a este trabalho, seria
ingrata e carregada de muita pressão. Certamente fãs e mídia especializada
aguardavam com grande expectativa pelo novo petardo. E, sem nenhum suspense, já
adianto, que decepção não teve vez aqui.
O Scalped nem deixou a poeira do
álbum de estreia baixar e sacou da manga o filho maldito número 2, novamente
lançado pela Songs For Satan. A mixagem e masterização ficaram por conta de
Marcelo Roffer, no Estúdio Roffer em Belo Horizonte-MG, onde a banda também
gravou o full. A incrível parte gráfica leva a assinatura de Pablo da PMP
Artwork, com referências ao grande artista H. R. Giger. e merece uma atenção
especial.
O trabalho dos mineiros conta com
dez faixas, sendo duas introduções instrumentais. A parte lírica do álbum
também é algo que salta aos olhos, pois denunciam letras com conteúdo e boas
críticas, além de títulos criativos como “Cognitive Taxidermy”, “Venereal
Social Darwinism” e “Stoic Cataclysm”. Nada daquelas letras genéricas apoiadas
no pensamento de que “ninguém vai entender mesmo”.
A parte musical, como já esperado
antes do primeiro acorde, é o descarrilamento de um trem (com o perdão da
brincadeira com os mineiros). Brutal Death Metal solidificado. E, se o primeiro
álbum já era tudo isso, nesse, a banda demonstra claramente uma evolução sonora.
Mesmo com a perda de um guitarrista, o som amadureceu. É interessante notar
como isso ocorre com uma certa frequência. Talvez a banda se torne mais unida
após a perda de um integrante e o entrosamento decola. Meras suposições. O fato
é que, a essência da banda foi mantida, mas o Scalped não teve medo de inovar e
até desacelerar em certos momentos, apostando em levadas com mais groove e um
pouco de metal tradicional, como em um ou outro solo. Mas não se engane, toda a
brutalidade do metal extremo está presente em peso. O rolo compressor formado
pela cozinha (Bruno no baixo e Marcelo na bateria), os blast beats e o peso dos
bumbos, além do vocal extremamente grave de Fernando forjam a violência do
Scalped. Os riffs venenosos da guitarra de Thiago, que agora segura o rojão
sozinho, são a base de sustentação da insanidade que é este álbum.
Destaco as faixas “Dissociative
Catalepsy”, com uma dinâmica muito interessante, misturando bem a brutalidade
do metal extremo com momentos mais experimentais e tradicionais, com um solo
bem trabalhado. Ambas as intros “The Tyrants Architecture” e “Indoctrinated
Infected Awareness” também são muito bem desenvolvidas e de fato possuem uma
atmosfera de introdução, que criam uma expectativa do que vem pela frente no
ouvinte. E o que vem pela frente à segunda intro é “Polytheistic Necromancy”,
com uma das levadas mais envolventes do CD. O solo do baixo que precede uma
base arrastada é o grande momento da composição, remetendo à obras de Six Feet
Under, Obituary e, claro, Dying Fetus. Em “Aphasia”, a banda fecha o excelente
trabalho, onde fica difícil pontuar um único destaque, pois os solos são
realmente muito bons e harmoniosos, a linha do baixo é palpável, pesada e muito
boa, os pedais duplos soam como metralhadoras e a garganta de Fernando
vociferando e expelindo ódio sonoro.
Essa resenha tardou (E MUITO),
mas saiu. Não poderia deixar de falar sobre mais este petardo de uma das bandas
mais insanas do Brasil. Ainda mais quando a qualidade musical se equipara à
qualidade lírica, fazendo referências à ciência, cientistas e importantes pensadores.
Altamente recomendado!
HAIL SCALPED!
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