sexta-feira, novembro 18, 2016

::Resenha:: Gammoth - Obliterate


Onze anos após o lançamento do debut album "Blunt Force Trauma", o Gammoth, banda de Death Metal da cidade de Leme, interior de São Paulo ressurge com um álbum completo. Intitulado "Obliterate", o full-length é o quinto lançamento da banda, que foi fundada em 2001 e ainda registrou uma demo em 2002 e dois EPs: "The Hacked Up And Buried" (2004) e "Caro Data Vermibus" (2013).

O álbum atual conta com uma alteração na formação: o baterista Renato Fialho, assumindo o posto que pertencera à Amaury Filho. 

"Obliterate" foi gravado, mixado e masterizado por Fabio Ferreira no MixMusic Estúdio na cidade de Amparo-SP entre os anos de 2015 e 2016. O álbum foi produzido pelo próprio Fabio e pela banda. A arte gráfica ficou a cargo do tatuador e amigo da banda Renato Baldin Junior e do guitarrista Carlos Henrique Eigenheer. A capa traz igrejas e sinagogas sendo bombardeadas, criaturas 'alienígenas-angelico-demoníacas' que parecem ter escapado de contos/jogos de terror e órgãos sexuais (não tão) escondidos.

"In Bloodshed We Will Meet" abre o álbum e o Gammoth não perdeu tempo com introduções algumas vezes desnecessárias e foi direto ao assunto. A desgraça sonora surge nocauteando os desavisados com um blast beat insano, como um ótimo cartão de visitas  do 'novo' baterista, Renato, acompanhado de um potente berro rasgado do baixista/vocalista Ulysses Carvalho. Ótimas bases e solos nesta faixa, lembrando alguns registros do Morbid Angel. 

"Death And Horror" começa com uma levada mais cadenciada e segue com alguns blast beats e boas passagens da cozinha. Bom trabalho dos vocais, intercalando entre grave e agudo. Riffs rápidos e marcantes, criando uma estrutura mais sombria para esta faixa. 

As guitarras merecem destaque em "Welcome To My Lair". A faixa inicia-se em um ótimo riff tocado em conjunto pelas guitarras sem o acompanhamento do restante da banda. Bateria e baixo juntam-se para completar o clima de terror criado pelo arranjo seguido por mais um blast beat. Dessa vez 'quase' cadenciado. A linha vocal que acompanha uma das melhores levadas do CD é cantada praticamente em sílabas, o que acaba dando uma ótima interpretação do vocalista para o depoimento psicótico contido na letra. Como se o mesmo quisesse deixar muito claro cada uma das palavras berradas. O arranjo da guitarra após o refrão contribui para a grande atmosfera criada. Sem dúvidas, uma das melhores faixas do trabalho. 

"Obscure Inoculation" é a faixa que ganhou um lyric-video no meio do ano. Clique aqui para assistir. Sua letra aborda a epidemia do coronavírus MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) varrendo a população da Terra. E a faixa se encaixaria muito bem em uma trilha sonora do fim do mundo, com seus riffs densos e ambiente carregado. Essa música apresenta um ótimo trabalho da percussão, com quebras de tempo e pedais bem controlados, além dos sempre presentes blast beats. O baixo também se destaca positivamente por aqui. 

"Diplomacy With a Shotgun" possui ótimos e complexos riffs e uma linha vocal muito interessante, além de mostrar a versatilidade do vocalista Ulysses, despejando diferentes tipos de guturais, ora mais grave, ora mais rasgado e agudos rasgados com uma forte veia black metal.

A atmosfera densa já mencionada antes, reaparece com força em "Undepictable Embodiment of Chaos", cheia de dedilhados e riffs 'arrastados'. Essa é a faixa mais longa do álbum com seis minutos e quinze de duração. 

"Cinereous" e "Hydrophobia" fecham o álbum de quase 38 minutos de duração. 

"Hydrophobia" é a 'diferentona' do álbum. Segue outra linha, mas longe disso ser algo ruim. Vulgarmente falando, é como se o álbum como um todo sofresse influências de bandas como Morbid Angel e essa faixa pegasse um caminho mais Napalm Death. Aqui está presente, provavelmente o refrão mais marcante do full-length. 

A temática e a essência musical da banda, contida em "Blunt Force Trauma" foi mantida, mas há diferenças e evolução no som da banda. A entrada de um novo membro oferece diferentes horizontes, outros tipos de influências e de técnicas do mesmo, além da evolução pessoal e de novas visões que os integrantes originais podem adquirir ao longo dos anos. Mais de uma década se passou desde o lançamento do primeiro álbum da banda e a conclusão que chegamos após a audição é que o "Obliterate" é simplesmente Gammoth! A banda se renovou, mas sem perder a pegada.

Mais um grande álbum para o Death Metal brasileiro!

O novo trabalho da banda está disponível nos links abaixo:

Amazon
Deezer
iTunes
Spotify

Um comentário:

GAMMOTH disse...

Apenas uma correção: a capa traz igrejas, sinagogas e também mesquitas sendo bombardeadas. É o simbolismo do repúdio ao câncer que é a religião, que ali foi representado pelos três maiores tumores que se apossaram da humanidade.