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terça-feira, outubro 02, 2018

::Resenha:: Miasthenia - Antípodas


Após a grande aceitação de headbangers e mídia especializada do full-length "Legados do Inframundo", lançado em 2014, o Miasthenia retorna com "Antípodas". Gravado, mixado e masterizado no Broad Band Studio em Brasília-DF e produzido por Caio Duarte e Miasthenia entre julho e dezembro de 2016. O álbum foi lançado em 2017.

O Miasthenia é uma banda com experiência de sobra. Fundada em 1994, na capital do país e com diversos registros lançados, a banda conquistou o respeito do metal nacional. De público, bandas, produtores e demais envolvidos na cena. É um dos nomes mais fortes do metal extremo brasileiro. E como se isso tudo não fosse o suficiente, Hécate e cia depositam na história do metal tupiniquim uma relíquia, a qual chamaram de "Antípodas". O valor da obra de arte já começa a ficar evidente com a parte visual do CD. Que trabalho impecável! Um digipack lindo e que facilmente se destaca em uma estante de CDs com seu verde notável. Capa, encarte e layout que tiveram as mão de Márcio Menezes (Blasphemator Art), Fabricio Rodrigues de Castro e Slanderer Possessed são de muito bom gosto. Ideia e execução em ótima sintonia, entregando um trabalho que casa perfeitamente com a temática apresentada. 

Com relação à música contida em Antípodas, é muito difícil destacar uma ou outra faixa como o ponto forte, pois todo o trabalho é excelente e as composições se completam. Além da aula de história que Hécate nos proporciona, a banda também oferece ao fã, uma aula de técnica, criatividade e inspiração na criação do trabalho. De qualquer forma, tentei discorrer sobre o CD da melhor maneira possível. Confira abaixo.

A introdução "Ymaguare" é toda cantada em dialeto indígena e remete à rituais de tribos. Guitarras e fortes percussões acompanham os coros que conferem imponência à interpretação da letra. 

O som de ondas quebrando na praia que faz referência à chegada das tropas vindas do velho mundo também anuncia o metal muito bem construído/executado e com uma identidade forte. "Novus Orbis Profanum" é a primeira grande obra deste álbum. A forma como guitarra e teclado se encaixam cria uma atmosfera incrível, que é ao mesmo tempo envolvente e sombria. O vocal de Hécate evolui a cada novo álbum e a linha vocal desta faixa merece destaque, encaixando muito bem na parte instrumental e destilando agressividade. E como soa bem o português cantado dentro dessa musicalidade, ao contrário do que muitos dizem a respeito do nosso idioma no metal, seja extremo ou não. A faixa tem ainda um belo refrão, com uma ótima melodia.

Hécate - vocal e teclados. 

"Coniupuyaras" ganhou um incrível videoclipe, com uma grande produção, para contar a história das amazonas, uma nação de mulheres guerreiras que combatiam invasores ferozmente e, segundo relatos, cada uma delas equivalia a dez homens lutando. A música é repleta de ótimos riffs com timbres mais agudos das guitarras e arranjos rápidos, acompanhados por uma percussão precisa e igualmente veloz. Os coros dão ainda mais qualidade aos trabalhos vocais, que destilam um refrão marcante.

A faixa-título é uma das mais imponentes, com um riff venenoso que chama a atenção logo na primeira ouvida e uma bateria complexa e veloz no início e mais cadenciada em outros trechos. O refrão, cantado em vozes limpas e acompanhadas pelos teclados e por riffs abafados é uma bela passagem da música. É a faixa mais longa do álbum e uma das mais complexas, com diversos elementos, que passam até pelo heavy metal, mas com uma sonoridade mais black metal. "Antípodas" também está representada em um lyric video, divulgado em outubro de 2017.

"Ossário" com um início dedilhado nas guitarras, levadas cadenciadas e belos solos cai em uma pegada muito boa e rápida. Uma letra muito interessante, com mais um ótimo e marcante refrão, talvez um dos mais marcantes, pelas notas no teclado, riffs, blast beats da bateria e vocais. Toda a banda trabalhando muito bem nesta faixa. A sensação que temos ao ouvir as músicas com o encarte em mãos é de que estamos realmente acompanhando um livro de história e de brinde, uma ótima trilha sonora para acompanhar.

"Bestiários Humanos" é a última obra deste álbum, que conta com oito faixas no total. E é uma composição bastante versátil, com um início quase arrastado, passando por trechos mais velozes calcados em riffs palhetados com muita qualidade e ótimas pegadas e solos. Mais uma vez o teclado cria climas interessantes e coesos.

Resumidamente, Antípodas é um álbum fenomenal e um dos grandes trabalhos do metal nacional feito nos últimos tempos. Criativo, técnico, com uma identidade única e experiência palpável. Provavelmente a maior obra do Miasthenia até aqui, que, sem dúvidas, ainda tem muita lenha pra queimar.

O álbum está disponível nas versões física e digital:

Comprar:

Mutilation Records
Nuktmeron Productions

Digital:

Deezer
Google Play
iTunes
Spotify

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