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segunda-feira, abril 09, 2007

Entrevista com Ariel n’ Caliban


Entrevista com Ariel n’ Caliban


No ano de 2001 a banda Arch Enemy trocou de vocalista e inovou ao chamar para o posto uma mulher. Angela Gossow com um vocal gutural e nada comum no sexo feminino logo chamou a atenção do público e mídia. Com o tempo algumas bandas aderiram a idéia. No Brasil mesmo existem vários casos, além da banda Valhalla (que é mais antiga) de Brasília, que é uma banda só de mulheres que executa um Death Metal muito pesado. No interior de São Paulo, a banda Ariel N’ Caliban acertou na escolha do frontman, ou melhor, "frontwoman" Taty Kanazawa, que apesar de ser bem nova tem um vocal bem agressivo, do tipo urrado que agrada em cheio aos fãs dos alemães do Arch Enemy. Mas independente do vocal, a sonoridade da banda é muito boa, cheia de pegadas empolgantes e ótimas composições. Certamente merecem o espaço que estão conquistando.


Morticínio Produções: No site arielncaliban.com vocês expõem suas preferências musicais. Algumas não tem nada a ver com o estilo da banda, como Velvet Revolver, Guns N’ Roses e até Legião Urbana. Como vocês analisam esses gostos ecléticos resultarem em um Thrash Metal agressivo?


João Paulo: Realmente nossos gostos variam muito. Mas é unânime que todos da banda curtem som extremo, sendo essa nossa principal influência. Nosso batera curte muito bandas antigas de Hard Rock, mas ele ouve muito som pesado, e acho isso legal, porquê nos da idéias diferentes pra compor. É claro que os mais extremistas devem se perguntar, "como alguém curte Cannibal Corpse e Legião Urbana"? .... e nem eu sei responder. Os caras cheiravam pó e escreviam umas letras muito foda (risos). Eu não me prendo a rótulos, ouço o que agrada meu ouvido. Mas sem dúvida, o som extremo predomina entre nós cinco.

M.P.: Qual banda vocês acreditam que seja a maior influência de todo o conjunto?


João Paulo: Creio que fique entre Pantera e Slayer. São muitas as bandas, mas essas com maior intensidade.

M.P.: Qual é o significado do nome Ariel N’ Caliban? E como surgiu a idéia desse "batismo"?


João Paulo: É uma puta viagem. Foi boa essa pergunta porquê todo mundo tem essa dúvida. "Ariel" seria o lado bom das coisas, e "Caliban" o lado ruim. O mundo é composto por isso. Você pode acordar e só ver desgraça ao seu redor, ou pode ver um "alguém" que tinha tudo pra se fuder e quebrou os preconceitos. Cada um faz sua escolha. Não vamos culpar Deus ou o Diabo, acho isso uma grande palhaçada. Você planta e você colhe. Ariel n’ Caliban era o nome de uma banda imaginária da Taty e uma amiga dela (risos), quando estávamos atrás de um nome pra banda, ela me falou isso, eu não pensei duas vezes. O foda é que lembra uns caras com cara de mal, cabeludo, e a gente não bota medo em ninguém (risos).

M.P.: O Ariel N’ Caliban surgiu do término de duas bandas, Heartears e Opinião Precária. Os estilos eram o mesmo ou houve uma mudança no som da banda?


João Paulo: Não. Eram estilos totalmente diferentes. Opinião precária tinha um som pesado cantado melodicamente em português, e Heartears foi uma banda de Heavy Metal que eu tocava, mas nunca virou porra nenhuma. O som mudou cem por cento em relação as duas bandas.

M.P.: Como foi essa transição?


João Paulo: Bruno (Batera) e Piu Loko (Baixo) tocavam na Opinião Precária, e junto comigo (Guita) e a Taty (Vocal) na banda heartears. Mas após um tempo a Heartears acabou. Foi quando eu decidi montar outra banda, com um som bem mais pesado e de composições próprias. Eu já tinha três sons feitos, com a linha de guita e as letras prontas. Reuni o Bruno o Piu Loko e a Taty e começamos a formar essas músicas que vieram a ser Por Souls, Sacred Wood e Closed Eyes nessa ordem mesmo. Após um tempo o Cassiano (Korvo) entrou na banda como guita também. Com o término da Opinião Precária o Bruno deu total dedicação a Ariel n’ Caliban o que deu um crescimento imenso na banda. Após a gravação da Demo, Piu Loko deu lugar ao Clauber e desde então estamos na correria pra divulgarmos nosso som. Nós somos jovens ainda. Esse é apenas o começo. Vamos até onde nos for permitido. Bebendo cerveja, fazendo barulho e gritando nossas revoltas...

M.P.: Como foi a escolha de Taty, uma garota nova para o posto de vocalista?


João Paulo: A Taty é minha namorada. Ela curtia Eminem enquanto eu ouvia Sabbath e Iron Maiden (risos) ... e com o tempo fui mostrando alguns sons pra ela. Ela tem bom ouvido, e bom gosto. Não demorou pra começar a curtir o som também. Um dia ouvi ela imitando o cara do Guerra nas Estrelas, e falei: "Porra, da onde saiu isso?" (risos). De ouvir ela cantar algumas músicas do Pantera e Sepultura, tive a idéia de fazer uma banda com ela cantando gutural... No começo foi muito foda, porquê ela tinha vergonha de cantar. Mas eu sempre gostei da voz dela, mesmo enquanto tocávamos Heavy Metal... então eu insistia e conversava muito com ela. Até o dia que ela se deu conta do que era capaz. Hoje a Taty é bem mais confiante, e surpreendeu a todos nós. E é um prazer poder tocar com essa baixinha.


M.P.: O público está acostumado a mulheres cantando músicas mais melódicas, como o Gothic Metal, (estilo que ficou mais popular com as bandas Tristania e Nightwish) e quando uma garota assume a voz de um som pesado sempre chama mais a atenção, certo? Como está sendo a reação das pessoas perante a essa situação e a performance da banda no geral?


João Paulo: É engraçado que sempre que subimos no palco a galera pensa que somos uma banda de melódico ou Gothic Metal. Mais quando o som rola eles se dão conta de que não é isso. A repercussão está sendo muito boa. A galera tem gostado muito dos vocais da Taty, e da banda em si. Existem muitas bandas fodas por aqui. Uma em cada esquina praticamente. Acho que por ser diferente, vem chamando um pouco a atenção. Estou muito feliz com a reação e o apoio da galera. Muita gente tem dado força pra nós. Espero continuarmos nesse ritmo. Temos muito o que evoluir como banda e tecnicamente. Não quero ser parte de uma banda onde a vocalista é foda, quero fazer parte de uma banda foda. Vamos lutar muito pra isso.


M.P.: Conte um pouco sobre a gravação do Cd demo Your Last Minute.


João Paulo: A banda tem por volta de 7 meses de formação, e a Demo sempre foi nosso primeiro alvo. Ensaiamos bastante nossas músicas e só não saiu antes por falta de grana mesmo. Gravamos no Piccoli Studio. O cara é cem por cento. Competente e interessado. Ele até fez Backing nas gravações (risos). Demoramos cerca de três dias pra terminarmos as gravações – por volta de 11 horas. E mais o tempo da Mixagem e Masterização. O Piu Loko gravou todas as linhas de baixo, e a arte da capa da Demo ficou por conta do Theago Loco (Ex Bloomred). Estamos todos contentes com o resultado.


M.P.: Como surge a composição de letras e músicas para vocês? E quais temas vocês gostam de abordar?


João Paulo: Como eu disse, nossas primeiras músicas eu quase que já tinha prontas. Mas todos têm liberdade dentro da banda. Estamos já trabalhando em sons novos e um trabalho em equipe sempre dá mais frutos. Nossos temas abrangem no geral a fraqueza do ser humano perante alguns mitos e crenças antigas. O medo de evoluir. Internamente, não tecnologicamente. Eu particularmente fico puto com a passividade da grande maioria em relação à violência, ao mau uso da religião e da política. Todos ficam chocados com algumas notícias, mas passa o tempo, e ninguém se lembra. Acho que estamos sempre andando em círculos. Nossos problemas hoje são os mesmos dos homens da caverna. A ganância e obsessão pelo poder. Sou a favor do velho Bang bang (risos) cada um com seu revólver na cintura. E que vença o mais rápido, e pau no cu do Bush!
É cara.... "Im Tired of this Same Old Shit"


M.P.: Qual é a analise que vocês fazem da cena headbanger na região de Campinas?


João Paulo: Outro assunto importantíssimo. A cena de Campinas é riquíssima. Grandes bandas, grandes músicos, bons lugares pra shows. Mas é incrível como uma meia dúzia de pessoas pode queimar isso. Você posta um tópico sobre qualquer assunto "normal" e não dura um dia pra sair do ar, agora você fala "Vamos bater nos Emos" e isso dá um puta Ibope. A grande maioria reclama, mas pouquíssimas pessoas apoiam. Mas ainda acredito que alguma banda daqui será reconhecida pelo Brasil todo.


M.P.: Obrigado pela atenção concedida, boa sorte para toda a banda e o espaço estará sempre aberto para vocês!


João Paulo: Nós é que agradecemos de todo o coração pela oportunidade. Parabéns pela iniciativa. Muito foda mesmo. Sucesso à Morticínio Produções, e que muitas bandas ainda possam ser beneficiadas pelo ideal e força de vontade de vocês.

Um comentário:

  1. Gostaria de agradecer esse espaço concedido pela Morticínio Produções! Realmente uma iniciativa mto foda, q merece respeito e reconhecimento!
    Valeu mesmo!

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