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quarta-feira, setembro 21, 2016

::Resenha:: Ação Libertária - Cidadão de Bem


Originários de Natal-RN e fundada em 2009, o Ação Libertária chega ao seu segundo álbum full-length, intitulado "Cidadão de Bem", lançado no último dia 20 de setembro de maneira independente inicialmente em formato digital e posteriormente o trabalho estará disponível em formato físico (digipack e K7). A escolha de "antecipar" o lançamento do registro em formato digital é uma boa aposta. Com as redes sociais e o uso da internet cada dia mais forte, sua disponibilização para audição online ou para download (gratuito neste caso) tem tudo para aproximar ainda mais a banda do público. Após a audição, a chance de adquirir o CD ou o K7 é bem grande, pois trata-se de uma banda honesta e que não está na cena para brincadeira.

"Cidadão de Bem" foi gravado no Estúdio F, mixado e masterizado por João Vitor. A capa foi elaborada por Guga Burkhardt da Acclamatur Zine e já indica o tom das críticas contidas nas faixas. Um casal mumificado hipnotizados pela TV sintonizada no Jornal Nacional, camiseta da CBF e Revista Veja sobre uma mesinha enquanto uma criança alheia àquela situação, observa a vida através da janela.

Na primeira audição do álbum, a conclusão a qual chegamos foi: "os caras estão revoltados". Especialmente o vocalista Márcio Pigmeu, responsável pelo vocal raivoso e por todas as letras deste trabalho. É um dedo na ferida atrás do outro. E aqui vai um conselho aos conservadores do Brasil: passem longe deste trabalho ou passarão muita raiva, pois as letras não passam a mão na cabeça de ninguém. Só se for uma mão bem aberta e com força na orelha. 

"Cidadão de Bem" começa de uma maneira inusitada, mas muito bem escolhida, com a épica entrevista do cantor Caetano Veloso. Aquela famosa "como você é burro, cara...". Particularmente, o disco já ganhou pontos comigo por me arrancar algumas risadas nos primeiros segundos. Sem mais delongas, o peso chega como um trem desgovernado na faixa "Hater Virtual Liberalóide", onde o foco são os famosos "cientistas políticos de Facebook". O estilo adotado pela banda é o Crossover/Thrash Metal e muito bem executado, diga-se de passagem. Guitarras com ótimos arranjos acelerados seguindo a fúria da bateria. 


Dentro deste estilo violento, há sempre o grande risco da banda soar limitada e repetitiva. Infelizmente há muita banda por aí que pensa que só precisa tocar alto e rápido. Mas quem se dedica e conhece bem o estilo, sabe que o caminho não é esse. O Ação Libertária consegue soar alto, rápido, violento e o melhor de tudo, autêntico. Este trabalho certamente deverá agradar aos fãs do Ratos de Porão. Seja pelo som, pelas letras ou por ambos. 

"Papagaios" tem ótimos arranjos e levadas que merecem destaque, desafiando os headbangers a manterem os pescoços imóveis. Palhetadas bem crossover mesmo com um toque de bandas da Bay Area e mais um bom trabalho dos vocais. 

"Robô de Carne" é mais uma crítica feroz e sem medo. Dessa vez direcionada ao militarismo e à milícia. Um depoimento do personagem Capitão Nascimento tirado de um trecho do filme Tropa de Elite 2 faz a introdução desta faixa. O baterista Toni segue sem descanso, descendo o braço no seu instrumento como se não houvesse amanhã. Destaque para um bom solo de baixo de Junior, fazendo uma boa transição rítmica na música. 

É difícil escolher a melhor letra desse trabalho, mas "Respeito ou Repúdio" certamente merece uma atenção pelo momento em que vivemos, onde o ódio e o preconceito são disseminados sem medo. Destaque para a estrofe: "Mas totalitarismo não é opinião, É a face autoritária, é a imposição. Não merece respeito porque nega os direitos, A liberdade e a voz de tantos outros conceitos.". Belos riffs e linhas de baixo quase tendendo ao Death Metal conferem mais uma vez uma boa dose de autenticidade aos músicos. 

"Dancem Macacos" conta com a participação de Thiago César da banda E.D.I. nos vocais, inserindo ainda mais raiva na interpretação da letra. Essa é uma música que faz qualquer show parado se transformar em uma roda de pogo instantânea. Destaque também para a linha de baixo e os blast beats da bateria. 

Trecho retirado do arquivo de texto anexado ao disco no download:

"Curiosidade: 

O áudio no final da última faixa do álbum, chamada 'Dancem, Macacos!' é de autoria de Ernest Cline. A reflexão dele sobre o pensamento humano inspirou a letra da música."

A banda oferece diferentes opções para ouvir online ou baixar o álbum. Vale à pena conferir o som dos potiguares do Ação Libertária. Confira abaixo as opções:

Ouvir online:

Bandcamp
Soundcloud

Download gratuito:

Mega
Mediafire

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